Inicio esta crónica saudando todas e todos- cidadãs e cidadãos unidos pela milenar condição do espírito humano que agrega a vontade de sermos próximos, solidários, mostrando o melhor de nós. A nossa pegada humana é feita de constastes, tal é a dimensão das contradições que experienciamos diariamente, mas, pelo menos, uma vez no ano, criamos de forma imparável, uma corrente positiva em torno dos que nos são mais próximos. Neste período, a nossa autoestima vangloria-se e numa aparente disponibilidade passamos a perna à Indiferença. Uma palavra cara para os que no resto do ano são vítimas dela- um amargo de boca, uma mesa vazia ou cheia de quase nada, alimentada, aqui e ali, pela hipocrisia. Não deveria ser assim nos restantes e longos 364 dias para os que são vítimas da nossa Indiferença. Podemos e devemos ser Diferentes. A construção de uma sociedade onde as palavras justiça, oportunidade para todos, igualdade, inclusão, não tem expressão prática, é uma sociedade doente a viver permanentemente de duodécimos nas diferentes dimensões da nossa pegada: política, económica, social, ambiental e tecnológica. Os desafios que temos pela frente são enormes e por muito que os arautos da desgraça ergam barricadas, cabe-nos, a nós, cidadãs e cidadãos, destruir e impedir os muros que se vão erguendo tanto cá como na Europa e no mundo. É neste contexto realista e objetivo que devemos estar unidos e é por isso que o Movimento de Cidadania Contra a Indiferença, se anuncia de novo para elevar o sentido da verdadeira dimensão humana: a participação de todos e de todas na construção de uma sociedade que queremos consciente, capaz, disponível para que se cumpra a Democracia. Voltamos à carga a praticamente um mês de novo ato eleitoral para que o notável exemplo dado pelos bracarenses nas últimas eleições tenha eco e permita paulatinamente, eliminar os números da nossa coletiva e cruel condição de desperdiçar o que tanto custou a conquistar: a nossa liberdade. Estamos perante uma maratona que não se ganha nos primeiros metros, mas sim pela capacidade que já soubemos demonstrar de que se acreditarmos, formos pacientes, persistentes e resistentes, surgirão os frutos do nosso trabalho. Os que esperavam que o combate que iniciámos em Abril tivesse resultados estrondosos, tem de perceber que tal só será possível se acreditarmos no nosso esforço coletivo e na nossa capacidade individual para invertermos a tendência suicida na nossa vida política. Ser cidadã e/ou cidadão ativo, é cumprir a condição natural do ser humano quando participa e demonstra capacidade crítica em sociedade.
A Democracia precisa de nós para se salvar da galopante enfermidade que se abate sobre ela e o próximo dia 30 de janeiro, é mais uma oportunidade que não podemos desperdiçar. Não nos podemos dar ao luxo de nada fazer e se é certo que experienciamos alguma frustração, alguma sensação de oportunidade perdida, não nos devemos esquecer que só a continuidade, o esforço e o trabalho dos que acreditam, poderão dar resposta ao cancro da Indiferença. Renovo o apelo, sobretudo aos mais novos, para que se levantem e ergam a vossa voz. Acreditem que podem fazer a diferença, que podem afastar os ventos radicais que varrem a Europa e que se cristalizam em franjas da nossa sociedade. Toda a esperança está depositada na vossa capacidade de lutar por aquilo em que acreditam. O Movimento está aí para dizer e afirmar, tal como no passado recente, que acreditamos em vocês e que a vossa disponibilidade para participar na construção do futuro do país, não cairá em saco roto. Não se deixem derrotar por aqueles que prometem e não cumprem; não deixem que violem e destruam os vossos objetivos. Acreditem que podem fazer a Diferença, participando ativamente nas escolhas que podem fazer em comunidade. Ao contrário do que podem pensar ou sentir, o vosso poder de Mudança é enorme se souberem assumir de forma responsável a vossa condição de cidadãs e cidadãos. As únicas palavras que me vem à cabeça neste momento são curtas, mas cheias de significado para esta época: O Movimento de Cidadania é Imparável, irreversível e está cheio de força para unidos nesta condição consciente, exibir as nossas, as vossas qualidades de democratas e defensores da Liberdade e do nosso futuro coletivo. Estaremos na rua, debateremos e falaremos com todos, sem exceção, acreditando que juntos saberemos construir a Diferença e vencer esta Maratona contra a Indiferença. Um bom ano para todas e para todos.
Autor: Paulo Sousa