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Judas

Disso é exemplo a recente partida no campo do Chelsea FC, para a Taça de Inglaterra, onde o apelidaram de “Judas”. Isto acontece pelo facto dos adeptos, principalmente os adversários, nutrirem por JM um misto de amor e ódio, paixão e desprezo. A sua postura nas conferências de imprensa faz vender, e tem honras de manchete de jornais e televisão, são inclusivamente as mais apetecíveis pelos tablóides de todo o mundo, porque o treinador português não se limita a vociferar umas banalidades e chavões, e porque nele se refletem algumas estratégias de comunicação.

Nesses momentos, demarca-se dos demais pela forma contundente, muitas vezes, assertiva e arrogante, como se manifesta. Mas, a principal razão da minha referência a José Mourinho passa pela constatação relativa a um programa de televisão, em que mostraram a outra face da vida de um treinador de elite no futebol. Sem me demarcar do prazer e do dinheiro que também proporciona, a vida de um treinador deste nível não é tão simples quanto aparenta a face pública da sua intervenção. Existe, no Backoffice, muito trabalho, invisível, que os adeptos tendem a menosprezar.

A ação de um treinador é muito mais do que ser um administrador de opções táticas e de gestão da constituição das equipas. O sentido de responsabilidade e profissionalismo de JM ficou bem patente nesse programa, mas também o porquê dos resultados obtidos, ao longo destes anos. Podemos não gostar ou concordar com algumas posturas, mas a reestruturação e ressurgimento do Man. United no panorama competitivo internacional, muito se deve à organização e às ideias impostas pelo técnico lusitano.

Pessoalmente, sinto alguma mágoa ao observar algumas posturas inaceitáveis do público perante os treinadores e jogadores, para não falar da ação desconcertante perante os árbitros. Na história dos clubes e de alguns treinadores existem muitos casos de despedimento do treinador, sem causa ou motivo, apenas porque sim. O treinador é um agente demasiado descartável. No entanto, quando um treinador se transfere de um clube para outro passa a ser “persona non grata”, um alvo da ira, do escárnio e mal dizer.

A paixão clubística não justifica tudo, mas a falta de bons exemplos vindos de cima, a falta de educação e de civismo, justifica. Porque será que um treinador passa a ser um elemento descartável se o diretor assim o entender, mas o treinador não pode fazer as suas opções, mesmo que legítimas, que é procurar novos rumos?

Acabo por entender o que move um adepto ou grupo a não estar satisfeito, mas não consigo entender que as pessoas se esqueçam, facilmente, de todas as lutas conjuntas, as horas de trabalho, de empenho, de defesa em prol do “seu” clube, e manifestarem desrespeito por isso, passa a ser uma cretinice que TODOS devemos denunciar e reprovar. Exige-se “RESPECT”!


Autor: Carlos Dias
DM

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17 março 2017