Foi com esta frase que iniciei uma entrevista ao Sr. João Gomes, um comerciante emblemático da vila/sede do concelho de Vila Verde, no jornal “O Vila Verde,” na qualidade de chefe de redação, na edição de novembro de 1987.
Desde muito cedo que desempenhou cargos autárquicos e tantos outros que vou desenvolver ao longo deste meu texto. Nasceu em Barbudo no dia 15 de setembro de 1933, sendo educado por uma família de valores cristãos, recebendo dela os verdadeiros princípios para facilmente se integrar na sociedade como um elemento capaz de contribuir para a sua valorização, tornando-a mais rica com as suas potencialidades de cidadão empreendedor, corajoso, desempenhando variados cargos que sempre fizeram do Sr. Gomes uma pessoa amada por todos os vilaverdenses.
Eu próprio, sempre ouvi falar deste homem como uma pessoa de consensos que sempre lutou pela sua terra, tendo em conta as suas várias vertentes sociais, desportivas, culturais e tantas outras. Homem talentoso que, apenas com o 1.º ciclo do ensino básico, soube, no seu tempo, aproveitar as suas capacidades e o seu poder de empreender, conseguindo, dentro de cada cargo que desempenhou, cumprir, dando tudo de si para o enriquecimento da terra que tanto estima.
Em Barbudo, sua terra natal, desempenhou, desde muito jovem, o cargo de Secretário da Junta da Freguesia, durante 4 anos, devido ao falecimento do seu pai. Posteriormente, vindo para Vila Verde, foi logo motivado, em 1979, para se candidatar à Assembleia de Freguesia de Vila Verde, vencendo as eleições. Foi Presidente da Junta pelo partido Socialista, sem maioria, cumpriu o mandato, trabalhando sem entraves políticos, pois foi sempre uma pessoa pacificadora e com princípios transversais que geravam união e progresso, chamando para Secretário um elemento do Partido Social Democrata (PSD) e para Tesoureiro um elemento do Centro Democrático Social (CDS).
Após uma interrupção, em 1985 concorreu novamente, vencendo as eleições com maioria absoluta, presidindo ao órgão autárquico a pensar nos seus eleitores, procurando, em conjunto com a Câmara, proporcionar melhorias significativas nos diversos setores que, pontualmente, exigiam a sua atenção, mormente no apoio ao desporto, folclore, ação social, ensino, subsidiando na compra de livros escolares alunos com menos recursos económicos, visitas de estudo… Teve sempre relações extraordinárias com a Câmara Municipal na pessoa do seu Presidente António Cerqueira que sempre elogiou, aceitando, no geral, os projetos e casos esporádicos que ao longo do mandato surgiam, incluindo a nova sede da Junta da Freguesia de Vila Verde que estava a funcionar no antigo posto da GNR. Exerceu este cargo durante 25 anos.
O desporto, foi sempre um seu hobby, pois em 1953 já praticava futebol, sendo, após um ano, Presidente do Vilaverdense Futebol Clube, como um dos seus fundadores (sócio n.º 1), permanecendo no cargo vários anos, mas constantemente, ao longo da sua vida, serviu o Vilaverdense em diversos mandatos, sempre com paixão e dedicação, sendo um dos grandes dinamizadores da construção do atual Estádio Municipal com o sempre apoio da Câmara Municipal que fez o projeto, que entre 300 ou mais candidaturas foi contemplado, sendo o Município o pilar principal para que hoje o Sr. Gomes admire e sinta esta obra como sendo sempre o seu sonho, sentindo-se feliz por tudo o que fez pelo desporto em Vila Verde.
Vejamos a grandeza e a confiança que merecia este homem que, em 17 de novembro de 1978, foi nomeado Juiz substituto da comarca de Vila Verde, situação que o surpreendeu, pois possuía apenas o diploma da instrução primária (4.ª classe), mas aceitou de bom grado, chegando a fazer três julgamentos: um por falta de carta de condução, outro por partilhas e outro por paternidade.
Passou por outros cargos que também ocupou com grande responsabilidade, desde a Fábrica da Igreja; secretário da mesa da Assembleia Municipal; mesário da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde, sendo, durante um mandato, seu Vice-Provedor; delegado da Associação Comercial em Vila Verde durante 20 anos; secretário da Casa do Povo; dirigente dos Bombeiros Voluntários e da Banda Musical de Vila Verde e tantos outros serviços que tem prestado a Vila Verde.
Termino com este meu pensamento: Cada homem e cada mulher eternizam-se cá na terra, criando raízes que o tempo jamais destruirá.
Autor: Salvador de Sousa