twitter

Jesus também está em nossa casa

1. Uma vez que – como lembra o sábio Quohélet – «tudo tem o seu tempo» (Ecl 3,1), este é o tempo de entrar em casa e aí rezar (cf. Mt 6, 6). Este é o tempo de uma Quaresma convertida em Quarentena. Não sentimos, porém, Jesus «de» Quarentena. Continuamos a experimentar Jesus «na» Quarentena. 2. Não esqueçamos que, por duas vezes, Jesus apareceu no meio dos discípulos quando estes – como nós – estavam «fechados em casa» (cf. Jo 20, 19.26). Foi aí que Jesus os saudou (cf. Jo 20, 19.26) e comeu com eles (cf. Lc 24, 41-42). 3. Por aqui se vê como o mesmo Jesus que agregava multidões (cf. Mt 12, 15; Jo 6,2) ficava igualmente na intimidade da casa das pessoas. E até chegou a alimentar diálogos com uma única pessoa. Veja-se o caso de Nicodemos (cf. Jo 3, 1-21) e da Samaritana (cf. Jo 4, 1-42). 4. De resto, o «distanciamento social» que agora nos é pedido – e que tanto nos dói – foi respeitado por Jesus. Note-se que os leprosos mantiveram-se «à distância» quando O abordaram (cf. Lc 17, 12). 5. Mais. Jesus também Se retirou: para os montes (cf. Lc 6, 12) e para o deserto (cf. Mt 4, 1-2). Aliás, é este longo retiro de «quarenta dias» de Jesus que inspira a Quaresma. 6. Para ser protegido da ameaça de Herodes, a Sua família não hesitara em fugir com Ele (cf. Mt 2, 13-15). Jesus, que tantas pessoas curou (cf. Jo 9, 1-10), é o nosso maior curador. Ele, sumo Bem, só quer o nosso bem. 7. É por isso que a Igreja não abandonou as pessoas com a suspensão da «celebração comunitária da Santa Missa» e outros actos. Sabendo do perigo de contágio do Covid-19, que os aglomerados potenciam, a Igreja convida as pessoas a ficar em casa, não as abandonando, contudo, na sua casa. 8. Não é só nas igrejas que somos Igreja. É claro que magoa muito esta privação da participação presencial na Eucaristia. Mas esta é uma oportunidade para reactivarmos a Igreja doméstica, rezando e meditando em família. 9. Entretanto, com os meios digitais, muitos acompanharão as celebrações dos sacerdotes, que estão sempre em comunhão com o santo Povo de Deus. Nesta altura, tais meios despontam como «novos templos», que podemos «frequentar». 10. Aproveitemos esta hora – dolorosíssima – para mudar o que tem de ser mudado em nós. A vida pode não ser melhor, mas nós podemos ser melhor na vida. Em breve, havemos de nos voltar a juntar, celebrar e abraçar. Entretanto, promovamos outro «contágio» entre nós: o «contágio» do bem, da verdade e do amor!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira
DM

DM

24 março 2020