Portugal está a ser alvo de uma avalanche de escândalos económicos, judiciais, sociais, académicos e desportivos, entre outros, que demonstram bem o estado deplorável de uma sociedade perdida nos valores elementares do respeito, da ética, da moral e do dever de cidadania
O tal elitismo ou oligarquismo, insuspeitável na conduta educacional e cultural, tem vergonhosamente assumido proporções alarmantes no caminho criminal, deixando os portugueses boquiabertos no que se refere ao envolvimento de figuras públicas como pressupostos protagonistas.
Apelidados de povo tendencialmente de costumes brandos, todos os dias somos “enxovalhados” com o inesperado da desonra de “actores” de colarinho branco, potencialmente bem comportados, indecorosamente incapazes, onde brota a imagem de uma vida limpa, sem pejo ou pecado, e admirados pelos bons serviços que prestam à sua pátria e ao bem-estar do povo.
O estatuto de clemência sobre os “pilha galinhas”, corruptos ou corrompidos, alegados homicidas abastados, titulares de cargos públicos negligentes, deputados e governantes, etc., sustenta uma ideia generalizada de que a cadeia não faz parte do destino central como forma sentenciada e em equidade com a restante população abrangida pelo cumprimento da pena ditada pelo acórdão da justiça.
Somos um povo à deriva pelo rigor dos deveres de cidadania e de candeias às avessas face aos vergonhosos escândalos que todos os dias vêm a público, incrementando um perigoso cenário de cumplicidade de que vale tudo se não for descoberto, como faz o “doutor” habilitado com falso curriculum académico, o juiz ou procurador que caiu nas malhas da maçã trincada, o banqueiro que se apodera do dinheiro que não é seu, o empresário que não paga aos seus trabalhadores e leva vida de barriga cheia, o dirigente desportivo que suborna para “plantar” feitos históricos, o cantor que plagia a letra ou a melodia de outros autores, o engenheiro que “assina” o risco da tragédia, enfim…, já não falando num rol de outros menos destacáveis, por surreal e hilariante que pareça: o vidente ou “endireita”, o homem que vende a “Lacoste de Guimarães” ou ténis “Adidas de Famalicão”, as lojas onde abunda os óculos “Ray Ban da Costa da Caparica”, relógios “Rolex” meticulosamente produzidos em Singapura ou neste lastro da aldrabice que por culpa do consumidor ao acreditar de boa-fé, investe numas férias no aluguer de uma casa no Algarve e chegado ao destino, tem que usar o Parque de Campismo para remediar a situação.
Apesar de sermos um povo com muitos atributos, de qualidades ímpares, com características sociáveis e solidários, franzimos as sobrancelhas perante a indiferença da lamentável e condenável onda de escândalos de colarinho branco, interpretando essas ocorrências apenas com surpresa.
Urge dar um sinal de verdade e determinante aos portugueses, de que o crime em todos os seus sentidos jamais compensa, sendo que ninguém está acima da Lei, com ou sem gravata.
Autor: Albino Gonçalves
Isto está grosso e vergonhoso…
DM
21 maio 2018