Em tempo de pandemia Covid19, todas as organizações globais no âmbito da saúde, educação e desporto, chamaram a atenção para a importância e benefícios da atividade física e prática desportiva. O diagnóstico já por si complexo a nível global em 2019, indicava que cerca de 5 milhões de mortes por ano podiam ser evitadas caso as pessoas se mantivessem mais ativas.
Um risco de morte 20% a 30% maior em comparação com as pessoas suficientemente ativas, e um número muito preocupante de mais de 80% da população adolescente mundial ser insuficientemente ativa do ponto de vista físico. Em fase de abrandamento da pandemia Covid19, é tempo de recuperar os praticantes ativos que se perderam e, sobretudo, encontrar forma de ter mais população ativa do que no passado.
Os “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030” (ODS), ganharam também maior relevância em termos de “discurso” e na forma de olhar para o futuro nas entidades pertencentes ao universo da organização e prestação de Serviços e Atividades Desportivas, nomeadamente nas autarquias. Mas o discurso tem que ser coincidente com a “
praxis”.
Considerando que: a maioria das Instalações Desportiva em Portugal (e um pouco por toda a Europa) têm mais de 20 anos, fruto dos investimentos efetuados por via de apoios comunitários específicos da União Europeia para o setor, estão atualmente num estado deteriorado, desajustadas às procuras ou mesmo em termos normativos e regulamentares; que raramente se assiste a uma otimização nos consumos energéticos, nomeadamente nas Instalações Desportivas de uso público, em que se poderiam poupar recursos e baixar significativamente as faturas a este nível; e, alinhando os ODS em todos os seus pontos e orientações, nomeadamente na necessidade de tornar o desporto e atividade física mais acessível e inclusiva, ou seja, democratizada, as orientações para a oferta sustentável terão que passar pelas seguintes ações:
1. No plano de gestão local ao nível das autarquias, realizar um estudo de procura das atividades desportivas a cada 2 anos (mínimo), com o objetivo de conhecer a oferta não satisfeita, e desta forma, adequar o parque edificado de instalações e serviços desportivos.
- No plano das Instalações Desportivas com responsabilidade por parte dos Promotores:
- a) certificar a qualidade de serviços para as Unidades de Serviços Desportivos;
- b) realizar um plano de flexibilidade funcional com dotação de mais espaço para usos e atividades distintas;
- c) monitorizar o impacto ambiental de cada instalação Desportiva;
- d) desenhar um plano para o conforto térmico, poupança em custos de manutenção e energéticos para cada instalação desportiva;
- e) realizar um plano de ação para controlo e melhoria da qualidade do ar;
- f) incrementar o uso de materiais sustentáveis;
- g) reconverter a oferta e conectividade de atividades indoor e outdoor para os centros e unidades de instalações desportivas;
- h) monitorizar as medidas de gestão e uso pós-Covid;
- 1) elaborar um plano de mobilidade suave e de acessibilidade para as instalações desportivas destas;
- j) implementar um serviço digital para uso das instalações e serviços por parte dos utentes e de gestão e controlo por parte da entidade gestora e seus trabalhadores;
- k) e, rever e incrementar as parcerias institucionais para cooperação e uso das instalações e espaços desportivos.
É tempo de criar sociedades, ambientes, pessoas e sistemas mais ativos, com base em serviços e instalações que operem de forma intencional e sustentável, a bem da atividade física e desporto, a bem da saúde e bem-estar da população local.
Autor: Fernando Parente