Esta pandemia provocada por um inimigo invisível, que de repente se tornou o tema centrar da atualidade, que nos afeta a todas, em todos os países, deixará certamente marcas em todos os setores de atividade e na sociedade global. Que sirva pelo menos, para que todos nos interroguemos sobre o nosso papel a desempenhar neste mundo, e de como individualmente e coletivamente podemos ajudar a mudar o modelo social e económico a nível internacional, caracterizado por “sistemas de governação e regulação”, também eles, muitas vezes invisíveis, que criam desigualdades a nível global, e que todos os dias, de forma direta ou indireta, também matam e deixam morrer.
Muitos são os conteúdos de notícia e opinião que nos chegam a cada minuto sobre o que está em causa neste momento, quer do ponto de visa da saúde das populações, quer da economia dos países, duas catástrofes que caminharão sempre lado a lado e que terão os seus efeitos muito negativos sobre as pessoas, famílias e comunidades.
No caso do desporto, atividade que mais anima e distrai “o planeta”, muitas são as reflexões que teremos que fazer no pós-covid19, se é que estamos dispostos a aprender alguma coisa. Desde logo sobre a sua “distribuição”, que vai desde as organizações internacionais, continentais, nacionais, regionais, clubes e associações locais, até ao praticante, sem esquecer uma infinidade de “partes interessadas” de natureza pública e privada. As organizações desportivas mais poderosas têm que necessariamente, através de critérios de transparência e responsabilidade social, ser criteriosas na gestão dos seus ativos, onde a economia e as finanças joguem a favor do desenvolvimento global do desporto e das suas modalidades, assim como, na proteção da saúde e bem-estar dos praticantes. O Desporto deve dar o exemplo, deve saber dar um passo atrás em situações como a que estamos a viver, e refletir para que os passos seguintes não sejam em falso. De nada valerá ter estrelas do desporto que ganhem milhões quando os quadros profissionais e científicos, que podem ajudar a evitar e a “curar pandemias”, trabalhem muitas vezes em condições precárias e com um vencimento que muitas vezes não garante a sua estabilidade pessoal e familiar.
Para além do desporto profissional, as atividades amadoras e prática de atividade física, tem um valor económico relevante em cada país, e que emprega muita gente. A situação atual representa um impacto muito negativo para todos os agentes das atividades desportivas, pois se há atividade que não pode mesmo funcionar na atual situação, é o desporto. Em Portugal, são cerca de 30.000 as entidades que fazem parte do sector do desporto e que representam um valor próximo de 1,3% da atividade produtiva na economia nacional, e que emprega cerca 1,4% da mão-de-obra nacional.
A bem da saúde e da economia nacional, onde o desporto também “joga” um papel importante, é fundamental investir mais e melhor na Educação, na Investigação e em Todos, para no futuro, estarmos bem preparados e combater com sucesso os inimigos invisíveis que têm o poder e a capacidade de parar ou destruir qualquer atividade e estrutura social. Que esta lição seja bem aprendida!
Autor: Fernando Parente