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Informar e informar bem

O Papa Francisco recebeu em 16 de dezembro de 2017 os membros da União da Imprensa Periódica Italiana e da Federação Italiana de Semanários Católicos. Representavam três mil jornais editados ou transmitidos, tanto em papel como em forma digital, por pequenas e médias editoras e por entidades e associações sem fins lucrativos.Do discurso que lhes fez transcrevo parágrafos que considero muito significativos. A nobre missão de informar O Papa começou por salientar a importância da missão de informar: «Vós tendes uma tarefa, ou melhor uma missão, entre as mais importantes no mundo de hoje: informar corretamente, oferecer a todos uma versão dos acontecimentos o mais possível aderente à realidade. Sois chamados a tornar acessíveis a um vasto público problemáticas complexas, de maneira a realizar uma mediação entre os conhecimentos à disposição dos especialistas e a concreta possibilidade de uma sua ampla divulgação». «A vossa voz, livre e responsável, é fundamental para o crescimento de qualquer sociedade que queira definir-se democrática, a fim de que seja assegurado o intercâmbio constante de ideias e um debate profícuo, fundamentado em dados reais e corretamente divulgados». Informação credível. É necessário informar, mas informar bem. «Na nossa época, muitas vezes dominada pelo anseio da velocidade, pelo impulso ao sensacionalismo em detrimento da exatidão e da exaustividade, da emotividade exacerbada deliberadamente, em vez da reflexão ponderada, sente-se de modo urgente a necessidade de uma informação confiável, com dados e notícias averiguados, que não vise surpreender e emocionar mas, ao contrário, que se proponha fazer aumentar nos leitores um sentido crítico saudável, que lhes permita levantar interrogações adequadas e chegar a conclusões motivadas». «Deste modo, evitar-se-á estar constantemente à mercê de fáceis slogans ou de campanhas de informação extemporâneas, que deixam transparecer a intenção de manipular a realidade, as opiniões e as próprias pessoas, originando com frequência inúteis “polémicas mediáticas”». «Sente-se a urgente necessidade de notícias comunicadas com serenidade, exatidão e exaustividade, com uma linguagem moderada, de modo a favorecer uma reflexão profícua; palavras ponderadas e claras, que rejeitem o excesso do discurso alusivo, gritado e ambíguo». «É importante que, com paciência e método, se ofereçam critérios de juízo e informações, de tal maneira que a opinião pública seja capaz de entender e discernir, e ao contrário não seja atordoada e desnorteada». Vantagens de uma informação de proximidade «A estas exigências, as pequenas e médias editoras podem responder mais facilmente. Na sua configuração, elas possuem vínculos salutares que as ajudam a gerar uma informação menos massificada, menos sujeita à pressão das modas, tanto passageiras quanto invasivas. Com efeito, elas são geneticamente mais ligadas à sua base territorial de referência, mais próximas da vida quotidiana das comunidades, mais ancoradas na essencialidade e concretude dos acontecimentos. Trata-se de um jornalismo estreitamente relacionado com as dinâmicas locais, com as problemáticas que nascem do trabalho das várias categorias, com os interesses e as sensibilidades das realidades intermédias, que não encontram facilmente canais para se poder expressar adequadamente». Pecados a evitar «A sociedade tem necessidade de que o direito à informação seja respeitado de maneira escrupulosa, juntamente com o direito à dignidade de cada pessoa humana envidada no processo informativo, de modo que ninguém corra o risco de ser danificado, na ausência de indícios de responsabilidade reais e circunstanciais. Não devemos cair nos “pecados da comunicação”: a desinformação – ou seja, dizer só uma parte – a calúnia, que é sensacionalista, ou a difamação, procurando notícias superadas, velhas, e divulgando-as hoje: trata-se de pecados gravíssimos, que prejudicam o coração do jornalista e as pessoas». Semanários diocesanos Os semanários diocesanos «podem revelar-se instrumentos úteis de evangelização, um espaço no qual a vida diocesana pode expressar-se de maneira válida e os vários componentes eclesiais podem facilmente dialogar e comunicar. Trabalhar num semanário diocesano significa “sentir” de modo particular com a Igreja local, viver próximos da população da cidade e das aldeias, e sobretudo ler os acontecimentos à luz do Evangelho e do Magistério da Igreja. Estes elementos são a “bússola” do seu modo peculiar de fazer jornalismo, de contar notícias e de expor opiniões».
Autor: Silva Araújo
DM

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18 janeiro 2018