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Informar com rigor

1.Quem me conhece sabe que acredito nas aparições de Fátima.

Não são um dogma de fé. Recordo muitas vezes o que afirmou o falecido Cardeal D. Manuel Gonçalves Cerejeira: não foi a Igreja que impôs Fátima; Fátima é que se impôs à Igreja. De qualquer forma, pode-se pertencer à Igreja e ser um belíssimo cristão sem ir a Fátima e sem acreditar em Fátima. Que fique claro.

As circunstâncias em que as aparições se deram e o que em Fátima se tem passado, desde o longínquo ano de 1917, levam-me a acreditar. Não vou lá tantas vezes como queria, mas gosto de estar lá. Aquele sossego e aquela paz fazem-me bem. Ajudam-me a refletir.

2.Vejo em Fátima um recado para os cristãos: levar o Evangelho para a vida; adotar um estilo cada vez mais evangélico de vida.

Vejo em Fátima um apelo para os que não comungam da minha fé: o de se darem as mãos e colaborarem na construção de um mundo cada vez melhor.

Não vejo que Fátima faça mal a alguém.

3.Não sei porquê, há indivíduos que se atiram encarniçadamente contra Fátima. E aproveitam todos os pretextos para a tentarem descredibilizar.

Que não acreditem, aceito. Estão no uso da sua liberdade. Mas não vejo que argumentos válidos apresentem contra as aparições de Fátima e a mensagem que Fátima divulga.

4.Uma das oportunidades aproveitadas por certas pessoas para se insurgirem contra o Santuário de Fátima teve por base a notícia de uma decisão tomada pela Câmara Municipal de Vila Nova de Ourém, concelho a que Fátima pertence.

Com uma foto do Santuário de Fátima um jornal publicou em título: "Fátima vai começar a cobrar estacionamento".

Aquela notícia não tem nada a ver com o Santuário de Fátima. É o Município de Ourém que vai passar a cobrar pelo estacionamento municipal em algumas ruas da cidade de Fátima. Mas foi o suficiente para descarregarem sobre ele.

5.É muito nobre e muito digna a profissão de jornalista. Exerci-a a tempo inteiro durante cerca de trinta anos. Tenho aí amigos que muito estimo. Aprecio o trabalho que fazem para manterem o público devidamente informado. Mas não deixo de lamentar que a tentação do sensacionalismo comprometa a seriedade da informação. O sensacionalismo pode levar à venda de jornais, mas a verdade é que não informa. Desinforma.

Se os responsáveis pelo santuário de Fátima tomarem decisões incorretas, é dever do jornalista denunciar os factos. Utilizar métodos reprováveis para tentar desacreditar pessoas ou instituições, isso não. Que se critique, sempre que for casso disso, mas com verdade.

Aquilo de que a comunidade precisa é de uma informação séria, cada vez mais verdadeira e objetiva. Assim se contribui para a correta formação da opinião pública. Assim se contribui também para que os cidadãos, cada vez melhor informados, tomem decisões cada vez mais conscientes e melhor fundamentadas.

6.O jornalismo é um serviço de que necessitamos cada vez mais.

Deve o cidadão comum contribuir para que o jornalista, bem informado, informe cada vez melhor.

Infelizmente acontece de haver pessoas, altamente responsáveis, que, a pretexto de servirem o jornalista, se servem dele, levando-o a informar do que e como lhes convém.

O jornalista não pode estar em toda a parte. Não pode ser testemunha ocular de tudo. Necessita de quem o informe. Mas nem sempre é fácil encontrar fontes de informação fidedignas. E é pena.

Compete ao jornalista servir água pura. Se a fonte onde se abastece, parecendo muito limpa, está inquinada… E há fontes inquinadas, onde a isenção só existe na aparência.

7.Volto ao que deu origem a esta reflexão. Uma coisa é escrever «Fátima vai começar a cobrar estacionamento», e outra é: «Município de Ourém vai começar a cobrar estacionamento na cidade de Fátima».


Autor: Silva Araújo
DM

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4 abril 2019