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Ilusão versus realidade

Vivemos em Portugal a ilusão de que todos os nossos problemas se resolverão com as ajudas da União Europeia. A realidade é, porém, bem diferente dessa varinha mágica. Nestes anos de regime dito democrático, gastámos muito mais do que aquilo que vamos produzindo, tendo como resultado uma dívida pública praticamente impagável. Há quem considere que se vive melhor, mas o resultado disso mesmo toma a forma de um pesadíssimo encargo que será deixado às novas gerações. Vivemos na ilusão da existência de uma verdadeira democracia. Na realidade, a democracia funciona bem pior do que imaginamos, e não dá garantia aos portugueses de que os filhos viverão melhor do que os pais, correndo-se mesmo o risco de colocar as gerações futuras num ambiente de ingovernabilidade. E terão sido as atuais gerações (ao longo das últimas largas décadas) as responsáveis. Vivemos na ilusão de que a justiça vai acabar com a corrupção, e de que o governo apresentou um plano para o seu eficaz combate. Mas a triste realidade é que a vontade de acabar com esta «pandemia» é inexistente (porque será?), e o simples facto de não optarem pela criminalização do enriquecimento ilícito, como exigem os juízes, é prova disso mesmo. Ficámos ontem a saber, pelo jornal “i”, que afinal os prémios ganhos por hotéis, praias, municípios, etc., como «melhores destinos turísticos», são afinal mera ilusão, dado que são comprados e só nós é que deles temos conhecimento – o resto do mundo não sabe, ou seja, andamos a iludir tudo e todos com «grandes notícias» que são fabricadas. A cidade de Braga ganhou o prémio de melhor destino turístico, em 2021, pelo que é de toda a justiça questionar o sr. presidente da Câmara se anda a enganar os bracarenses. Já no futebol, tentou-se criar a ilusão de que os atuais males se devem à pandemia, com a quebra de receitas e a ausência de público. A inoperante Liga de Futebol definiu como objetivo principal o regresso do público aos estádios, como se isso não fosse uma evidência. E para desviar as atenções dos principais problemas, vai lançando temáticas, aqui e acolá, para entreter os mais desatentos, como a última campanha do «racismo não». A principal preocupação da Liga e da Federação deveria ser o patrocínio da alteração urgente dos regulamentos disciplinares, para que definitivamente se acabe com as situações deploráveis nas atitudes de alguns treinadores, dirigentes e jogadores, que deveriam ser um exemplo para os jovens – e são o contrário. Só uma mão forte poderá vergar quem tanto mal tem feito ao futebol. Em paralelo, exige-se uma atitude mais crítica e exigente por parte dos adeptos, dos intervenientes, da sociedade, como acelerador para um desporto mais ético, onde a solidariedade e a igualdade de oportunidades sejam uma realidade efetiva e não apenas uma mera ilusão.
Autor: João Gomes
DM

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1 abril 2021