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Identidade feminina: valores e competências

Não resistiu e foi ter com a referida senhora questionando onde as tinha arranjado. Com um olhar cheio de amor e de ternura, como uma mulher consegue expressar tão bem, dadas as suas características e sensibilidade que enriquecem o espírito feminino, lançou um olhar para o marido que tinha ido visitar, tendo comentado ter sido ele que as tinha colhido no jardim para manifestar o seu amor. Lindo e enternecedor!

É tão bonito observar um casal que juntos conseguiram ultrapassar todos os obstáculos e vicissitudes que a vida acarreta. A mulher pediu autorização ao marido para oferecer as flores à minha neta, tendo ele anuído. Durante dias tive um pé deste ramo sobre o meu computador, sentido que não podia deixar de referir este episódio, esperando que chegasse o momento oportuno, o que aconteceu hoje a propósito do papel da mulher.

Chegámos a uma época em que a mulher continua a ser o centro da família, mas participa também ativamente na vida profissional e pública. Hoje em dia a mulher maioritariamente tem a opção de dividir o seu tempo em diferentes áreas que se entrecruzam: a família, o trabalho, a vida em sociedade. Logo, a liberdade de poder optar torna-se essencial. Contudo nem todas as mulheres desejam trabalhar fora de casa ou seguir uma carreira política. Do ponto de vista humano, o que realmente tem maior importância é a família enquanto célula base da sociedade. Hoje em dia a participação da mulher em todos os âmbitos da sociedade e do trabalho, é uma questão de justiça, constituindo um grande avanço no progresso da humanidade, mas coloca outros problemas que ainda carecem de respostas. Acredito que o papel da mulher não consiste em tentar imitar os homens, mas em serem elas próprias, com a sua peculiar identidade feminina, com os seus valores e competências.

O paradoxo resulta em ser importante estarmos presentes nos centros de decisão que nos afetam, tornando-se, por sua vez, complicado gerir a situação quando existem filhos. Esta participação levanta algumas questões, ou seja, a educação dos filhos, a gestão do lar, sendo fundamental encontrar mecanismos facilitadores da conciliação da vida familiar e o trabalho fora desse âmbito. Que este esforço de harmonização se traduza num compromisso renovado pelo respeito da promoção da dignidade da mulher.

O Papa João Paulo II apelava a que todas as mulheres se tornassem educadoras de paz com todo o seu ser e o seu agir. Lançou um apelo ainda: “Sejam testemunhas, mensageiras, mestras de paz entre as pessoas e as gerações, na família, na vida cultural, social e política das nações, especialmente nas zonas de conflito e de guerra”.

“Os dotes de delicadeza, sensibilidade e ternura tão peculiares, que enriquecem o espírito feminino, representam não apenas uma força genuína para a vida das famílias, mas uma realidade sem a qual a vocação humana seria irrealizável… a presença da mulher no âmbito doméstico revela-se necessária como nunca, para a transmissão de princípios morais e sólidos às gerações vindouras e para a propagação da própria fé”. A Igreja é mulher, é mãe, e isso é bonito”. (Papa Francisco).

Cito agora o Secretário-geral da Nações Unidas, António Guterres, na sua mensagem para o Dia Internacional das Mulheres, 8 de Março de 2917. “As mulheres continuam a enfrentar a violência e a discriminação. Os direitos das mulheres, são direitos humanos. Mas em todo o mundo esta mensagem é ignorada com demasiada frequência. O nosso mundo está a passar por tempos difíceis. E milhões de mulheres e de meninas estão na linha da frente”.

Concluo com umas palavras da escritora norueguesa, prémio Nobel da Literatura Sigrid Unset: “Conceder igualdade de direitos – que implica por seu lado igualdade de deveres – às mulheres relativamente aos homens, significa uma sobrecarga mais para as mulheres e não a igualdade… O bem-estar dos filhos implica que esteja sempre alguém disponível, de dia e de noite, a tratar dos filhos na sua fase de desenvolvimento”. (As mulheres e as guerras mundiais).


Autor: Maria Helena Paes
DM

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12 março 2017