De vez em quando, o Hospital de Braga desdobra-se em marketing mediático para anunciar a premiação de “óscares”, reportados à inquestionável boa prática e excelência clínica.
Em boa verdade, no seu universo das valências médicas e técnicas, a competência e o elevado profissionalismo e desempenho dos seus colaboradores prima-se pela prestação da qualidade dos serviços credíveis e francamente satisfatórios junto do seu público-alvo.
Nestas andanças da meritocracia e do reverso da medalha, urge arregaçar as mangas para colmatar a longa ausência da excelência administrativa nalguns focos identificados e reveladores de impacto negativo e penalizador no acolhimento e tratamento processuais devidos aos utentes do Serviço Nacional de Saúde.
No organigrama do hospital público bracarense existe um serviço de orientação de utentes com a função específica de proporcionar um diagrama de tarefas simplificadas e desburocratizadas capazes de proporcionar um eficiente atendimento ao público dentro dos padrões inovadores no tempo de espera e delinear uma estratégia de interesse no âmbito do “feedback” nas suas necessidades básicas de afluência à Instituição de Saúde Pública.
Impressiona-nos a denominação deste alegado serviço centrado especificamente em orientar os utentes do Hospital de Braga, quando os sinais são de descoordenação ou desalinhamento dos procedimentos instituídos no cumprimento da política de trabalho nesta esfera administrativa.
Vejamos, entre outros, o mau exemplo no contexto da imprecisão, que traduz uma ineficácia transversal aos direitos dos utentes do SNS, para garantir a qualidade e a transparência da informação:
Mário (nome fictício) tem um problema patológico que requer uma intervenção cirúrgica. O seu médico de Saúde Familiar faz o pedido electrónico ao Hospital de Braga. Decorridos alguns meses, e após insistência sobre o ponto da situação, é-lhe dada a conhecer uma longa espera para a realização da cirurgia. Sem esperar, meteu pés ao caminho e conseguir com celeridade uma intervenção cirúrgica fora do país. Posteriormente, e já operado recebeu da ACSS um cheque com uma lista de Instituições à escolha no intuito de reduzir o longo tempo que não pode ser garantido pelo Hospital de Braga.
O utente Mário agradeceu o “simpático” gesto e devolveu o respectivo cheque, informando a Administração Central do Serviço de Saúde, IP da sua intervenção cirúrgica já realizada. Surreal e hilariante, para não dizer anedótico, o cidadão Mário estupefacto e sem vocabulário na ponta da língua, recebeu do Hospital de Braga, uma missiva registada e “entristecida”, assinalada de cruz a sua “desistência da intervenção cirúrgica”, quando em tempo útil comunicou pelas vias adequadas ao Serviço com incumbência na gestão dos inscritos para cirurgia, a realização do acto médico-cirúrgico e a exclusão do seu nome nos bons e demorados ofícios do estabelecimento hospitalar bracarense na longa lista de espera para cirurgia.
O utente Mário nem queria acreditar na nesta mistela de expediente disfuncional resultante de algo que revela descoordenadas ou desalinhamentos entre pessoas ou Serviços, no uso metódico do facilitismo despreocupado de indagarem a realidade situacional do cidadão.
Assim, parece ser justo um maior envolvimento global através da optimização de serviços administrativos eficazes e afectos aos interesses dos utentes do SNS no Hospital de Braga.
Autor: Albino Gonçalves