Uma das grandes e flamejantes labaredas da inteligência filosófica foi e é, ainda, desvendar o núcleo do ser humano, isto é, esclarecer pela investigação atenta, analítica, concreta e distinta, a inteligência das inteligências, a compreensão das compreensões do ser, como ser humano.
Numa flamejante e simples palavra: o que é o homem? Quem sou eu? Questionam o Dr. Anselmo Borges e muitos filósofos.
Que eu sou um homem, em situações concretas e que a pessoa e o indivíduo são processualmente manifestações narrativas do comportamento do homem concreto em situações concretas- a dúvida não está interessada, creio eu, em nublar e debater tais factos evidentes como são.
Com fundamento nas processuais manifestações narrativas do homem concreto, em situações concretas, vou procurar descobrir, pelos caminhos comportamentais da nossa existência, o verdadeiro sentido da vida, que nos vai ajudar a integrar, conectar e a sintonizar tais manifestações processuais (os éticos comportamentos), no íntimo e radical núcleo do ser humano como ser. E este com ser em Deus.
O profundo, o simples e o eterno núcleo do ser humano é a sua ôntica natureza, vestida com o seu simples e intemporal manto da espiritualidade corporizada, transcendental, una e relacional. Deste manto saem três vergônteas: a da individualidade (refletida através das dinâmicas dos indivíduos); a da relação (manifestada através das teias tecidas de relacionamentos congruentes e transcendentais da pessoa consigo mesma, com o social, com o mundo e com Deus);a vergôntea da transcendentalidade (inequivocamente aberta em unicidade e em relacionamentos morais com o Transcendente, Deus).
Entre muitos, alguns dos dos caminhos seguido pela nossa concreta e processual existência, são o da bondade, da compaixão, perdão, empatia, misericórdia, fraternidade… Tais caminhos, manifestadores do verdadeiro e luminoso sentido da vida para o ser, são superados pela relação do amor, implícita em tais caminhos. Podemos, então, afirmar, categoricamente e sem medo de errar, que o nosso ôntico e radical ser é amor transcendental. É uma analogia de Deus.
Podemos também afirmar que a nossa ôntica natureza é paz, a paz transcendental, pelo facto de estar implícita e superar os caminhos processuais da harmonia, do ajustamento, da proporção e da medida.
Podemos também afirmar (…) que o nosso ôntico ser é transcendentalmente Paz (…).
Do ôntico tronco do ser humano, como ser, vão brotar dois pujantes e maciços ramos, emissários dos imperativos transcendentais da nossa ôntica natureza: o indivíduo e a pessoa. A sua função é trazer a cabal satisfação aos imperativos emanados do coração da ôntica natureza humana. Ao indivíduo é-lhe imposta a missão de cobrir, com a sua universalidade, todas as separações, isolamentos e roturas, dentro da unidade.
À pessoa, como ser inteligente, afetivo, autónomo, livre e responsável, é-lhe atribuída, pela sua ôntica natureza, a missão transcendental de, incondicionalmente e fora de todas as circunstâncias, controlar, conectar e gerir os seus comportamentos éticos e os seus estados vivenciados, cabazes dos seus relacionamentos universais e analógicos, em todas as suas vertentes, tanto verticais como longitudinais.
Autor: Benjamim Araújo
Homem, pessoa, indivíduo

DM
6 setembro 2017