E se algumas eram imensas, como Uruk que possuía 50 mil habitantes, a de Ur ultrapassava em muito esse número, calculando-se que pelos fins do III milénio tivesse atingido os 400 mil habitantes. Dados que, graças às pesquisas arqueológicas efetuadas, se revestem de real importância para termos algum conhecimento sobre esses velhos burgos.
Esta introdução ao tema que me proponho aqui tratar tem como objetivo alertar quem de direito, sobretudo a entidade que governa a nossa bimilenária Bracara Augusta, para o facto da preservação não só do património que já de si é antigo, mas também daquele que se pode vir a considerar sê-lo, por terem decorrido largos anos sobre a sua existência. Isto, porque a identidade que nos é atribuída como bracarenses carece, por vezes, de alguns sinais dos tempos – como nota explicativa – porque se foi deixando apagar tudo aquilo que seria a forma mais real e objetiva de falarmos da vida quotidiana da nossa cidade e da convivência entre as lojas top da moda com alguns, preservados, baluartes comerciais.
Ora, para uma cidade que se quer inteligente, foi uma burrice deixarem morrer certos estabelecimentos comerciais, só porque existe a mania de que Braga anda sempre à frente das outras cidades portuguesas. Quando não anda, a não ser em festejos. Basta vermos o caso de Lisboa onde existe a recuperação do que é antigo. Ou não houvesse já em horário nobre da RTP um programa conduzido por Catarina Portas, mana dos políticos Portas, a contar a história das empresas nacionais com muitos anos. A qual já recorreu a estabelecimentos bracarenses, antigos, que encerraram as suas portas, para adquirir todo o mobiliário que possuíam para os dela.
Na cidade dos Arcebispos, a sensibilidade para preservar e melhorar o que é nosso não consta dos programas eleitorais. Há muito foguetório à volta de certas modernices com muitos arautos do que vai ser feito se… for contabilizável em votos. Sempre de mãos dadas com uma entidade que deveria representar os comerciantes e ter uma palavra a dizer, mas que, a páginas tantas, diz nada. Pois há comerciantes que abrem lojas e nelas permanecem – dezenas de anos – sem nunca terem tido o prazer de uma visita, ao longo do tempo, de quem a dirige.
Mas não é só na capital do reino que há vistas largas, uma vez que em Viana do Castelo, a sua edilidade ordenou o levantamento das lojas históricas da cidade com vista à sua preservação. É que apesar de algumas contarem já com cerca de dois séculos, elas são consideradas vitais para o turismo, que é como quem diz, para a economia vianense, sua marca e identidade.
Também em S. João da Madeira se trabalha para a concretização de um projeto virtual para o comércio local. Ou seja uma aposta na tentativa de revitalização e difusão das lojas locais. Chama-se “S. João Nosso.pt” e é a resposta criada pela ACSJM com a finalidade de dar a cada espaço comercial uma página exclusiva que conta a história da marca, incluindo nela informações úteis. Contando com todo o apoio da CM que anunciou, paralelamente, criar três parques de estacionamento para diminuir barreiras de acesso ao comércio tradicional.
Nas Ilhas, sobretudo nos Açores, as antigas mercearias estão – de novo – na moda. Embora adaptadas aos tempos modernos elas são projetos jovens, devidamente apoiados, que captam turistas e divulgam o que de melhor se cultiva e faz na ilha, oferecendo-lhes a prova das iguarias produzidas naquela terra, acabando sempre por faturar.
Enfim, daqui a pouco, em Braga não haverá lojas com história.
Autor: Narciso Mendes