Evangelho segundo São Marcos – «Mestre, que eu veja» era, penso, o destaque do Evangelho da(s) Missa(s) do domingo 24/10/2021. A multidão seguia Jesus. Na berma estava um cego, Bartimeu. Ao ouvir que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Jesus parou e disse: «Chamai-o». E o cego disse-Lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.
No domingo atrás referido, encerraram-se em Aveiro as cerimónias de mais um “Dia do Exército”. Sabedor antecipado da celebração da Eucaristia na Sé Catedral de Aveiro, como ex-militar do Exército, “vesti” as fardas da Instrução e de Combate para assistir com a minha esposa à transmissão da mesma pela RTP1. Foi celebrante D. Rui Valério, Bispo das Forças Armadas e de Segurança (e concelebrante D. António Moiteiro Bispo de Aveiro, anteriormente Bispo-Auxiliar de Braga). Logo no início, D. Valério disse que, entre outras intenções, a Eucaristia seria de Acção de Graças e se sufragava a alma dos militares que ao longo da História deram a Vida no cumprimento do dever; e eu comentei: “Também é pelo nosso cabo enfermeiro Loureiro e pelo alferes Oliveira da C. Caç. 2364”.
Voltei a lembrá-los ainda no momento em que se rezou «Pelos Militares Falecidos ao longo da História do País»; ouviu-se o “Toque de Homenagem aos Mortos»; vivi-o com emoção, vieram-me as lágrimas aos olhos.
D. Valério evocou, ainda no início, os primórdios da nossa nacionalidade, com a referência a D. Afonso Henriques, Patrono do Exército.
“HISTÓRIA DO EXÉRCITO?! NÃO!! EXÉRCITO DA HISTÓRIA!! Desde S. Mamede a Aljubarrota, e falando em São Jorge, passando pela epopeia de ir ao encontro de novos mundos, o Exército constitui-se naturalmente
Na Homilia, Dom Valério falou de uma visita feita a Cabo Verde; e da pequena capela de Nossa Senhora da Luz, perto de Mindelo, um edifício simples, construído pelos soldados portugueses. Guiado pelo anfitrião que o acompanhou, soube que agora a dita era pequena, era exígua para os serviços e as necessidades da população daquele país lusófono [é suposto “uma parte não seja a voz do todo”]. Mas o guia falou sempre no plural: “Nós achamos por bem manter de pé uma obra feita pelos Portugueses” que aqui se instalaram.
O Prelado referiu-se também às missões desempenhadas pelo Exército ao longo da História, até ao presente. Cito-o de memória: «Continua a haver muitos “Bartimeu’s” nas bermas do mundo. [Exemplos: República Centro-Africana, Iraque, Mali. Nos P.L.P. – em Cooperação no Domínio da Defesa.
Já vejo e ouço as críticas (acintosas) ao nosso passado histórico de domínio colonial, de desumano comércio de escravos. E do dever do país em retratar-se e pedir desculpas. A chamada guerra colonial foi um “crime de lesa-africanos”. Aceitam-se os massacres no norte de Angola, bem como os seus mentores, em Março de1961; mas criticam-se os contra-massacres
Há muito pouco tempo tomei conhecimento de um despautério contra o discurso colonial português: um livro que é uma paródia desse discurso. Nele se considera que o colonialismo "é a base do patriarcado, do racismo e de uma forma normativa diferente de entender o mundo", não deixando de ser "um fenómeno do presente". Este livro diz que «Os DescobriMENTOS são uma marca de pastilhas fabricada pela empresa portuguesa GHGF (Grandes Homens, Grandes Feitos). Cada embalagem contém setenta e uma pastilhas. Como usar os Descobrimentos: Abra a embalagem, seleccione uma pastilha e chupe. Para todas as idades.» (Without commentaries!, digo eu). Ultrapassa as marcas. Libertinagem não é o mesmo que liberdade. Quem não respeita os outros, não é merecedor de ser respeitado.
Termino este escrito com um caso que foi notícia não há muito. A banda Rolling Stones anunciou recentemente que não vai tocar mais ao vivo o clássico “Brown Sugar”, lançado no disco “Sticky Fingers”, de 1971, e desde essa altura tocada em todas as actuações. E fá-lo porque agora (em 2020/21) surge o ataque de a canção se referir à escravidão.
Autor: Bernardino Costa