Fiquei atónito com o último clamor das carpideiras políticas. Por aqui se nota que somos mesmo um país de gente pobre. Pobre de espírito, claro. Mas, ricos em intriga e magnatas na inveja. Sublimes e requintados na hipocrisia. O caldo esturrado fermenta para os lados do Trancão com as politiquices habituais das “elites” mal pensantes a desviarem intencionalmente o foco dos assuntos polémicos que denigre as suas condutas. E, até, a democracia. E abusam do povo.
O governo descansa agora das trapalhadas. Das amnésias. Dos casos e dos casinhos. Por breves momentos. Não saímos disto. Agora, foram cozinhar a grande mixórdia das rodilhices que tostam à volta do “Altar do MJM”. É incrível como os oportunistas ideológicos e da manipulação informativa nos enrolam. E caímos facilmente no logro. Sem triagem. Acríticos. Mas, indignamo-nos. Com o desenho. E com os números. E opinamos como sofredores das supostas megalomanias financeiras que se cometem a todo o instante neste triste país.
1 - Dá pena assistir ao desenlace do “Altar das Jornadas Mundiais da Juventude”. Também dá para pensar. Dá para ficar boquiaberto com os dislates que as virgens ofendidas mandam para a populaça. Mostram ar sério. Indignado. Por conveniência. Ideologicamente capturados, guincham contra o “Altar”. Tinham que guinchar. Habituaram-se aos guinchos, quando estão fora do tacho. Nós, do outro lado, ouvimos. Ouvimos simplesmente. Querem que a gente também entre na roda. Junte ruído ao ruído. É impensável perceber este jogo de marionetes. Até o bispo D. Américo Aguiar deu corda à máquina da manipulação com o “magoou-me” para não falar no “nosso Marcelo” que não perde uma. Até aqui, nesta iniciativa juvenil, quer ser o actor principal.
Como é possível ver tanta saloiice! Tanta casmurrice! Tanta politiquice!
2 - Afinal, quem fez a candidatura para a vinda das JMJ? Quem escolheu o local? Quem rejubilou com o grande evento? Quem orçamentou?! Queremos ou não queremos organizar as Jornadas Mundiais da Juventude?! Queremos ou não queremos mostrar ao mundo que temos engenho e capacidade de promover um encontro desta grandeza e marcante para qualquer país?! Não será também uma boa oportunidade para reabilitar uma zona degradada e altamente contaminada?! Será que todo o processo mudou após a derrota de Medina na CMLisboa? O que era óptimo e aplaudido passou a péssimo e vilipendiado?! É assim neste país! Triste política!
Não quero falar no retorno financeiro que o evento pode provocar, porque, na minha perspectiva, não é razoável avançar-se com projeções meramente económicas numa realização de natureza eminentemente juvenil e religiosa. A fé não é, nem pode ser comercializada como mercadoria sujeita à lógica do “deve e haver”. É claro que haverá retorno e também especulação em hotéis, restauração, em lojas do “comes e bebes” e noutras actividades. O movimento previsto é enorme. Vai ser muita gente a consumir. A gastar. Calcula-se em mais de 1,5 milhões de pessoas que afluirão a Lisboa. Mas o que importa mesmo é a grande “Jornada Mundial da Juventude”.
3 - O que não entendo é o “estado de guerra” desencadeado pelas elites partidárias, ligadas ao candidato autárquico derrotado, por causa de uma estrutura em ferro e betão que ficará construído para outros eventos. Argumentam de forma miserável, querendo ofuscar a inteligência das pessoas. Falam os opositores em custos elevados. Elevados, digo eu, foram os custos da absurda nacionalização da TAP. As indemnizações da TAP. As injeções astronómicas no Novo Banco. As imparidades bancárias. A recuperação do Hospital Militar e tantos outros desperdícios. Esquecem também essas elites que o espaço a recuperar, muitos hectares, vale, por si, qualquer tipo de investimento como aconteceu com os terrenos da Expo-98 que geraram milhares de milhões de retorno directo e a reabilitação urbana da zona oriental da capital lá está.
4 - Endosso os meus parabéns ao presidente da CMLisboa pela forma corajosa e responsável como assumiu esta obra. É preciso gente do calibre de Carlos Moedas para enfrentar essa cambada de hipócritas que se agiganta por coisa nenhuma só para dar nas vistas e ficar de bem com a populaça desprevenida. As segundas linhas socialistas deveriam ter mais tento nos comportamentos. E na língua! Não são e nem podem ser os donos disto tudo. Com certeza!
Autor: Armindo Oliveira
Hipocrisia política: uma outra desgraça do meu país
DM
5 fevereiro 2023