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Hábitos (alimentares e) desportivos

Inicia-se hoje a comemoração da Semana Europeia do Desporto (SED), uma iniciativa desenvolvida pela Comissão Europeia, com o objetivo de promover o desporto e, por inerência, a atividade física junto de todos os cidadãos europeus. O principal tema passa por incentivar cidadãos a serem ativos não só durante a SED, mas sim, durante todo o ano. O nosso Ministério da Educação abraçou o projeto sem pruridos de consciência. E digo-o porque ser ativo numa semana não se prolonga, assim, sem mais nem menos, durante todo o ano. As escolas que são incentivadas a criar, nesta semana específica, atividades de exterior, desporto inclusivo, desporto sénior e desporto no trabalho, em todas as outra semanas, têm os alunos maioritariamente sentados a tempo inteiro e os professores - seniores - atulhados em burocracias de projetos Maia, perfis dos alunos à saída da escolaridade, competências essenciais, conselhos de turma, conselhos de curso, etc., restando, depois, pouco tempo para o que realmente importa - preparação adequada das aulas e conhecimento dos alunos, suas debilidades e/ou pontos fortes.

Quando Fernando Pimenta vindo de Tóquio, afirmou “no Japão, a educação física faz parte do currículo dos alunos, cinco dias por semana”, houve quem estranhasse. Mas, qualquer sistema desportivo minimamente atento, percebe que os atletas do futuro na sua infância e juventude se encontram todos num local específico – A ESCOLA, onde tudo começa ou - como é o caso português - acaba sem ter realmente começado.

Um livro com o apelativo título “Porque fazemos o que fazemos” explica-nos entre outras coisas, a anatomia de um hábito, onde é afirmado após estudo feito em Londres que, agir sem pensar, ou seja fazer as coisas automaticamente é parte fundamental da criação de hábitos e neste caso para a prática de desporto, em concreto, seriam necessários 50 dias.

Por cá, o nosso ministério da educação entende que para a promoção de uma juventude saudável e uma 3ª idade (professores) que não seja grandemente afetada pela (SENIL)idade, importante mesmo é (tentar) cortar com o nefasto gosto de um bolinho (bolacha ou chocolate) a meio da manhã - a alunos, assistentes operacionais e professores - proibindo a sua venda no espaço escolar e autorizar uma ou outra atividade desportiva ao longo do ano. Acreditam essas “mentes brilhantes” criar, desta forma, hábitos alimentares saudáveis e alunos desportivamente ativos e predispostos a serem os atletas de alto rendimento do futuro.

Da minha parte, caro ministro, o hábito (re)adquirido quando do início da pandemia de realizar atividade física diária, entre caminhadas, corridas, bicicleta ou paddle, mantém-se. Outro hábito, bem mais antigo - adquirido em 36 anos de ensino – comer um bolinho no intervalo da manhã na escola, vai manter-se também, nem que para isso o tenha de comprar no exterior e levar em saco de farmácia, por ser o medicamento necessário, e para mim imprescindível, para aguentar tanta burocracia e medidas avulsas, desnecessárias.


Autor: Carlos Mangas
DM

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24 setembro 2021