O mundo assiste a um aumento preocupante de conflitos sociais e humanos, e há um número, cada vez maior, de países neles envolvidos. Por mais que as pessoas tentem combater o terrorismo, acabam por surgir novos focos, como se comprova com a recente crise do Afeganistão.
Vivemos situações, cada vez mais dramáticas, que não se podem resolver sem que haja a intervenção de todos. Se refletirmos bem sobre estas crises, se nos empenharmos em as resolver, certamente que encontraremos uma solução para elas. Sabemos que há países que tentam contribuir com o pouco que têm, mas, no meio de tudo isto, há que reconhecer que são o amor e a fraternidade quem verdadeiramente contribuem para atenuar o sofrimento dos povos. Todos nós temos consciência de que o sofrimento se torna insuportável quando é vivido em solidão, quando sentimos que ninguém partilha a nossa dor. Há quatro anos, os olhos estavam virados para o drama de Cabo Delgado, agora viram-se para o Afeganistão, para o sofrimento deste povo que vê agora cair por terra todos os direitos conquistados ao longo de 20 anos. Contudo, não podemos focar a nossa atenção apenas num país, pois somos todos irmãos e todos precisamos de ajuda.
As notícias que me chegam de Cabo Delgado-Moçambique parecem trazer a tranquilidade, depois de tantas aflições, à zona norte. O regresso das pessoas às terras está cada vez mais iminente. No entanto, isto não significa que tudo esteja bem. Ainda existe muita desconfiança por parte do povo, o que acaba por ser incondicional o regresso às suas terras. Conta-se que este drama continua, e que a maior parte da população se sente obrigada a permanecer nas terras onde se refugiaram. Felizmente, há alguns países que, quando tomaram conhecimento da evolução deste drama e sentiram o sofrimento deste povo que há quatro anos não vive em paz, tudo fizeram para o ajudar.
Embora não seja tarefa fácil, julgo que é possível conjugar esforços para minimizar os efeitos desta crise humanitária que se vive em Pemba e no Afeganistão sem que a importância que se dá a uma se sobreponha à outra.
Assim, como seres humanos, devemos manifestar o nosso amor pelo próximo. A comunhão só cresce na medida em que manifestamos esta proximidade com os outros, conjugando os problemas que surgem em diferentes lugares, evitando menosprezar uns para valorizar outros.
Cabe-nos a todos acabar com as situações que destroem e desumanizam os povos.
Autor: Guilherme Martins Andeni