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Há 47 anos!

Como o tempo voa! Uma criança que em 25 de abril de 1974 tivesse quatro anos, tem hoje 51; não sabe dizer nada sobre a revolução dos cravos, a não ser o que lhes contaram os pais e ou ensinaram na escola. Falar-lhes em viver sem liberdade é, para eles, uma abstração; vivem em liberdade como quem respira, não precisam de a percecionar. Parece-lhe que essa liberdade, que de graça usufruem, é um direito e não se apercebem como ela é frágil e pronta a perder-se se a não resguardarmos dos eternos predadores: os totalitarismos. Há duas espécies de totalitarismos: o marxismo e o capitalismo. Pela minha parte nem quero ser criado do capitalismo, nem escravo do socialismo. Não quero viver como se vive na Coreia do Norte, na Venezuela, em Cuba, na China. Por outro lado, no capitalismo morre-se à porta do hospital por não ter seguro de saúde. Uma sondagem levantou as discussões sobra a democracia plena; diz ela que 90 % dos inquiridos, disseram não senti-la em plenitude. Mas haverá alguma coisa proibida na nossa democracia?! Não haverá liberdade para todos os credos religiosos, para todas as ideologias? A expressão oral ou escrita, os sindicatos, as associações profissionais? Há algum impedimento de circulação de bens e pessoas ou impedimento para frequentar lugares públicos? Alguém é preso por ter opiniões diferentes das do governo? Alguém proíbe as mulheres de constituir negócio sem autorização dos maridos? Mas há uma coisa que tem de ser dita: a liberdade é plena mas não está ligada, intrínseca ou extrinsecamente, ao poder de compra ou ao nível de vida de cada indivíduo. Se alguém julgou que com a democracia tinha chegado o período de abastança só porque se é livre, enganou-se redondamente ou foi enganado vilmente. A abastança só se adquire com a riqueza produzida e esta só existe se a ganharmos. Ninguém talha fatias grossas num bolo raquítico. No PREC houve muita demagogia política; levaram os crédulos a acreditar que tinha chegado o rio cheio e que, com a liberdade, tínhamos encontrado a fórmula mágica da igualdade. A igualdade é uma utopia e uma violência porque contraria toda e qualquer liberdade. Quando me querem fazer igual, onde está a minha liberdade para querer ser diferente? Não há animal mais desigual do que o animal humano. Somos uma democracia às cores, onde cada uma delas determina a individualidade, como num jardim comum bem se distingue uma margarida de uma rosa. Liberdade é dignidade e tem, na diversidade de ser eu, a razão de me sentir um ser único e irrepetível. Então, como se pode igualar aquilo que é único e irrepetível? Pela violência, já se vê; Igualdade e liberdade são coisas que se contradizem. Nas comemorações do 25 de Abril de 1974, evocou-se um movimento militar que tornou Portugal um país em plena democracia. Nela vivemos, mas não podemos fazer dela a teta de leite dado.

Destaque

A igualdade é uma utopia e uma violência porque contraria toda e qualquer liberdade.


Autor: Paulo Fafe
DM

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3 maio 2021