Sempre entendi o governo como o exercício de uma atividade que tem por objetivo a busca do bem comum.
Governar bem é estar à frente de uma comunidade, tomando as medidas exigidas pelo bem dessa comunidade, mesmo que desgoste alguma ou algumas das unidades que a compõem. O governante que o sabe ser coloca o bem comum acima dos interesses particulares.
Governar bem é não ter receio de desagradar a este ou àquele sempre que esteja em causa a satisfação do bem comum.
Governar bem é resistir à tentação do compadrio; é ser imune à força de grupos de pressão, empenhando-se na construção de uma sociedade cada vez mais igualitária e mais justa, onde cada um se sinta respeitado na sua dignidade e nos seus direitos. Uma sociedade onde se não confunda unidade com uniformidade e se reconheça o legítimo direito à diferença.
Governar bem é não ceder à tentação de querer inovar destruindo tudo o que de bom outros fizeram. É reconhecer o mérito dos que o precederam, sabendo manter o que deve ser mantido, aperfeiçoando o que deve ser aperfeiçoado, corrigindo o que deve ser corrigido.
Governar bem é saber distinguir o essencial do secundário, o prioritário do que pode esperar, resistindo à tentação de entreter as pessoas com fogo de vistas e descurando aquilo de que realmente precisam. É fazer obras que, por não serem vistosas, não atraem o voto dos distraídos, mas são reclamadas pelo bem comum.
Governar bem é não malbaratar dinheiros públicos em obras de fachada, esgotando aí recursos que fariam falta para empreendimentos de maior utilidade. É não utilizar dinheiros públicos para custear a morte de seres humanos inocentes e indefesos, como acontece com o aborto provocado.
Governar bem é ter tempo para escutar quem deve ser escutado, para analisar dossiês, para refletir, a fim de que não haja precipitações e se decida com ponderação.
Governar bem é manifestar senso comum, ter conhecimento da realidade e não andar a copiar o que outros fazem, num contexto bem diferente do da comunidade que se governa. Muito menos é pretender ser moderno copiando o disparate.
Governar bem não é inventar empregos desnecessários, só para dar a meninos bonitos a oportunidade de auferirem de bons rendimentos à custa de pouco ou nenhum trabalho.
Governar bem é exercer o poder como serviço à comunidade e não ver nele uma oportunidade para se servir e para servir os seus.
Governar bem não é passear-se em carros topo de gama e viver à grande e à francesa, ignorando a situação de pessoas incapazes de poderem satisfazer as suas necessidades básicas.
Governar bem é agir com transparência, evitando negócios escuros. É prestar contas com limpidez. É fugir à corrupção e, sempre que possível, desmascará-la e dar-lhe luta.
Governar bem é preocupar-se com o serviço aos mais carenciados e fazer com que doentes e idosos beneficiem da recomendável assistência e da possível qualidade de vida. É promover a construção de lares de terceira idade onde pessoas com baixas reformas tenham lugar e sejam tratadas com dignidade.
Governar bem é resistir à tentação da arrogância tendo a humildade suficiente para conhecer in loco a situação dos mais desprotegidos e procurar dar-lhe remédio.
Governar bem é resistir à tentação de se perpetuar no poder através da demagogia e de medidas eleitoralistas que enganam o povo mas não o servem.
Governar bem é respeitar o direito à vida em todas as circuntâncias, não deixando de chamar crime à prática do aborto provocado e da eutanásia. É preocupar-se mais com a qualidade de vida das pessoas do que com a qualidade da sua morte.
Governar bem é legislar tendo em vista o bem comum e não fazer leis à medida dos interesses de A ou B.
Governar bem é escolher criteriosamente as pessoas para o exercício dos diversos cargos, selecionando os mais competentes, os mais conscientes, os mais honestos, independentemente da sua filiação partidária. É premiar a competência e não a bajulação. É pôr os partidos políticos ao serviço do País e não colocar o País ao serviço dos partidos políticos.
Autor: Silva Araújo
