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Governar ou governarem-se, eis a questão

Estamos a poucos dias de conhecer um novo governo no nosso país. Novo, é como quem diz, porque isto de governar por cá, é como a nossa Liga de futebol - ganham sempre os mesmos. Também ajuda o facto de jornais, rádios e televisões darem enorme espaço mediático aos dois partidos e três clubes da maioria dos portugueses sobrando para os outros, apenas e só, o que é obrigatório por lei.

Depois, ao longo das legislaturas e dos campeonatos, ainda existem os comentadores, contratados e, às vezes, pagos por todos nós, cuja filiação partidária/futebolística é por demais conhecida, com a “cartilha” alinhada pelo governo, principal partido da oposição e/ou clubes do regime.

E que dizer de alguns dos “amigos” importantes dos dirigentes partidários e desportivos que surgem nos noticiários e nos tribunais pelas piores (para nós) razões. Ouçamos as escutas - que os advogados se encarregam de anular posteriormente - da operação Marquês, Casa Pia, BES, BPN, e pensemos em que diferem da operação cartão vermelho, apito dourado ou cashball? Muito pouco, até porque, em alguns casos, cruzam-se arguidos e negociatas.

Não é fácil, pois fazer uma opção consciente sobre sentido de voto. Na área desportiva os maiores partidos caem nos lugares comuns de anunciarem algumas medidas, que se percebe, a olho nu, completamente avulsas sem lógica funcional e/ou coerente. Por falar em coerência, de realçar a do partido do comentador benfiquista onde o assunto, desporto, não consta do programa. Ao menos aqui, não engana ninguém.

Seria assim tão difícil - a todos - pegar no documento “Valorizar e Afirmar o Desporto” entregue pelo COP, em novembro? Acreditem, tudo o que lá está é exequível e pouco oneroso.

Gostaria de ter a liderar o país alguém que percebesse que as pessoas e seus problemas não existem só em períodos campanha eleitoral quando se cumprimentam em arruadas, feiras, hospitais, escolas, mercados, fábricas.

Pessoas e respetivas profissões continuam a existir no decurso das legislaturas. Não passam a ser apenas números e percentagens, como acontece de quatro em quatro anos depois das 20h da noite eleitoral. E por falar neste espaço temporal – quatro anos - os atletas que nos representam nas olimpíadas também não existem só naquele mês de competição.

Será pedir muito, a quem nos governa, que use o poder de forma construtiva e que cumpram, no mínimo, o que prometem em campanha eleitoral? E que, quando tiverem dúvidas como usar o poder, se inspirassem em Nélson Mandela, que a esse propósito, disse: “o problema que tenho não é como usar o poder. O meu maior problema é como não usar o poder.” Nesta simples frase, Mandela, “sem querer” fala do principal problema de quem detém o poder, estejamos nós a referir-nos a governantes, lóbis da comunicação social, ou…outros.

Pelo exposto talvez se compreenda que perto do ato eleitoral ainda haja muitos portugueses indecisos sobre o sentido de voto porque parece difícil encontrar o…menos mau. Mas, acreditem, a abstenção…não é solução.


Autor: Carlos Mangas
DM

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28 janeiro 2022