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Geringonça de direita

Com a criação de um novo partido político (Aliança) por Santana Lopes, adivinha-se uma geringonça à direita para a próxima legislatura; é que este novo partido, mesmo conseguindo somente 5 a 6 por cento dos votantes, pode fazer a diferença na formação de uma maioria parlamentar de direita. Penso que o Aliança vai ganhar votos ao centro-direita e ao centro-esquerda; e se Santana Lopes se dirigir aos eleitores apostando numa política de verdade, sem demagogias nem populismos, pode facilmente conquistar grande parte dos abstencionistas que são, no fundo, os desiludidos e descoroçoados com os partidos e seus atuais mentores. Não esqueçamos que os abstencionistas e votantes em branco ou nulo formam, no momento, o maior partido de eleitores; ora, quem conseguir mobilizar e motivar estes portugueses a votar no seu projeto político, seguramente tem lugar garantido nas futuras decisões e debates políticos; e, consequentemente, influenciar a governação do país. Por isso, a decisão de Santana Lopes em sair do PSD e criar o Aliança pode entender-se como uma jogada política bem planeada e justificada; senão mesmo urna ação concertada com figuras cimeiras do PSD e do CDS que sabem ser no centro-direita e no centro-esquerda que acontece a maior fatia de desiludidos, desmotivados e descrentes que engrossam as fileiras da abstenção, do voto branco e do voto nulo, repito. Sendo certo que, dificilmente, os eleitores de esquerda e extrema-esquerda se abstêm, votam branco ou nulo, seja por força da ideologia, seja em resposta à sua militância e formação política, por vezes o fazem por imperativo estratégico para afastar a direita do poder; quem não se lembra, por exemplo, de quando Álvaro Cunhal, líder do PCP, deu ordem aos seus correligionários para taparem, no boletim de voto, o rosto de Mário Soares e nele votarem para que a direita fosse afastada do poder? E foi também por este mesmo motivo que nasceu a atual geringonça; e, então, mesmo sem resultados eleitorais, já António Costa desenhava um acordo com bloquistas e comunistas, pois as suas intenções, perante a vitória prevista de Passos Coelho nas sondagens, eram ele próprio ser poder e, consequentemente, impedir a todo o custo que a direita voltasse a governar o que agradava sobremaneira ao Bloco de Esquerda e ao Partido Comunista Português. Depois, o que separa os parceiros da geringonça é mais forte e profundo do que o que separa uma União de Direita (PSD, CDS e Aliança), pois sabido é que o BE e o PCP são declaradamente antieuropeístas, anti-Euro e anti-Nato; e, assim, a haver urna maioria parlamentar de direita, ela nunca se poderá apelidar de geringonça de direita, mas antes uma União de Direita. Ninguém duvida de que Rui Rio, Assunção Cristas e Santana Lopes comungam dos ideais europeístas, democráticos e humanistas; e já o mesmo se não pode dizer de Jerónimo de Sousa e Catarina Martins, mormente pela sua formação e ideologia marxista, estalinista, trotskista e maoista e, por isso, adeptos de ações fraturantes algumas das quais que já foram conquistando e outras que esperam ainda conquistar e não cabem numa União de Direita. Pois bem, esta é a realidade que se adivinha, sabendo-se que o governo de António Costa só tem perdido pontos junto dos portugueses com as cedências que fez e continua a fazer aos parceiros de governação; e, assim, a maioria dos portugueses e o país real só têm sido prejudicados com esta solução governativa fabricada por António Costa e facilitada pela direita que até ganhou as eleições e pelo próprio Presidente da República. Ora, os movimentos populistas, nacionalistas, xenófobos e extremistas que em alguns países europeus vão já alcançando êxito eleitoral, devem ser motivo de alerta para o PSD, CDS e Aliança como defensores e praticantes da democracia, da liberdade e da solidariedade; e se esta geringonça anti-natura que nos governa fez caminho ínvio e côncavo, é tempo do centro-direita e da direita repensarem o futuro e tentarem construir, não uma geringonça, mas uma União, onde os valores da dignidade, da verdadeira liberdade, solidariedade e justiça social se possam vir a impor. E seguramente para bem do futuro dos nossos filhos e netos que para nós já não é tão possível assim. Então, até de hoje a oito.
Autor: Dinis Salgado
DM

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10 outubro 2018