No final do século XIX muitos dos cartazes das festas de São João tinham, como programa principal, corridas de bicicletas. Em 1904/1905 é construído um velódromo em São João da Ponte. Existiam vélo-cafés, lojas de alugueres e venda de bicicletas e até os negócios locais vendiam em bicicleta, como por exemplo a sorveteria de São Victor.
Nos anos 50 é instalado o primeiro motor Pachancho numa bicicleta Sameiro (uma das várias marcas de bicicletas produzidas em Braga). É nesta altura que Santos da Cunha prepara a cidade de Braga para receber os carros, abrindo enormes avenidas numa altura em que apenas meia dúzia de pessoas, com mais posses, tinham carro.
A restante população utilizava o transporte público ou a bicicleta e alguns as motorizadas. Desde então que a construção das condições (infraestruturas) foram um convite à utilização do carro, e toda a gente queria ter um. A juntar a isso houve uma enorme promoção do seu uso, ainda que estes matassem pessoas e ocupassem espaço público.
Hoje temos uma Braga saturada de carros, que provocam demasiada poluição, com excesso de lugares de estacionamento na rua, com estacionamento em segunda e terceira fila, com as paragens de autocarro cheias de carros mal-estacionados, com o congestionamento em Braga a degradar o serviço de transporte e com a sinistralidade rodoviária elevada, e velocidades dos carros inaceitáveis em plena cidade.
O futuro passará por reduzir as velocidades, reduzir o espaço dedicado ao automóvel, acalmar o tráfego em certas ruas permitindo a circulação de bicicletas em segurança e criar espaço dedicado para as mesmas noutras ruas e criar sistemas de partilha. Sistemas de partilha de bicicletas e de carros na zona densa e plana da cidade de Braga serão uma realidade no futuro. As cidades na Europa, em toda a Europa, já possuem estes sistemas em complementaridade com os transportes públicos por forma a reduzirem o uso dos carros. Braga não será diferente.
Autor: Mário Meireles