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Fogos&Incêndios, Sociedade Criminosa “Anónima”?

No DM de 30/6/17 acabámos o nosso artigo “Massacre de Pedrógão Grande” da seguinte forma: “Quantas mais vítimas de incêndios é preciso para se reorganizar a floresta?”. As nossas profundas condolências a todos os familiares e amigos das vítimas, quer dos desastres naturais, quer do resultado da profunda corrupção e criminalidade organizada que existe em Portugal. Sobre o furto de armas em Tancos, que colocava em perigo a segurança nacional, publicámos também aqui em 7/7/17, “A escória da sociedade portuguesa”. Agradecer hoje aos autores da “denúncia anónima” que permitiu recuperar praticamente todo o material desviado. Ainda bem que o bom senso imperou. A propósito: numa altura em que quase todas as profissões públicas estão a pedir aumentos salariais (eu não, apesar de ter sido profundamente prejudicado nos últimos anos), entre juízes e procuradores, polícias, médicos, enfermeiros, guardas prisionais, etc., somos pelo aumento sim, mas sempre numa visão conjunta de todos os portugueses incluindo o sector privado e o aumento do salário mínimo. Mas, já o dissemos, antes de todos estão os militares. É vergonhoso em absoluto que os incêndios sirvam de campo de negócios obscuros. Os ventos estão favoráveis para a corrupção total e absoluta. Por vezes, parece que não há alternativa possível… A besta está à solta. Como dizia Gil Vicente no Auto da Barca do Inferno: “Diabo: À barca, à barca, houlá! / que temos gentil maré! / - Ora venha o carro à ré!”. Salvaguardando a presunção de inocência, citemos algumas notícias vindas a público e que a todos os cidadãos comuns, mais do que perplexos, deixa revoltados, caso sejam verdadeiras: depois do seu polémico artigo de Junho («El Mundo diz que gestão dos fogos é “caos absoluto”…»), o jornal espanhol El Mundo, por Aitor Hernández-Morales, vem referir o seguinte, entre outros aspectos (15/9/17): “Quién gana dinero quando arde Portugal?”; “Empresas que amañan contratos públicos, ONG falsas y la industria maderera hacen caja”. Diz ainda o El Mundo, que há um “cartel del fuego”; bem como as doações para Pedrógão Grande simplesmente “desapareceram em muitos dos casos”. Concluindo: “Hay um claro negocio en provocar estes fuegos”. E outras: “Mulher de sapador apanhada a atear fogo junto de lar de idosos” (Correio da Manhã, 14/10/17); “Sapador florestal suspeito de fogo posto fica em prisão preventiva” (SIC, 5/9/17); “Sapador florestal suspeito de ‘fogo posto’ fica na prisão” (outro: Jornal do Fundão 27/7/17). Estes são apenas alguns exemplos. Porque alguns sapadores ou seus familiares e amigos são apanhados como estando envolvidos nos fogos? “A pergunta é fácil de responder”, segundo um amigo meu “a questão é que o trabalho suplementar, previsto nos acordos colectivos de trabalho (http://www.anbp.pt), variável conforme a zona do país, é pago e não tem que ser justificado se for de emergência, logo se houver mais alguns fogos e mais área ardida, o salário fica mais arredondado, o que não acontece nos outros países da União Europeia…”. Foi uma respeitável pessoa que me disse isto, mas não acreditei que seja verdade ou, se for, deve ser uma minoria de sapadores. De contrário, significa que as “subvenções” aos bombeiros são tanto maiores quanto mais fogos existirem? A ser assim, a lei tem que ser alterada para evitar tentações. Outro facto denunciado: “O regresso da Força Aérea ao combate aos incêndios tem gerado controvérsia dentro do Governo. Enquanto a ministra da Administração Interna invoca a falta de capacidade deste ramo das Forças Armadas, o ministro da Defesa considera ‘inevitável’ que a Força Aérea adquira os meios em falta para voltar ao ativo”… “Não é à toa que grande parte das ignições acontece à noite e em locais estratégicos de quem sabe que vai provocar um grande fogo”, refere. Para o tenente-coronel (António Mota) o assumir do controlo por parte das Forças Armadas acabaria com essas polémicas, até porque “a Força Aérea, sendo de todos os portugueses e não uma entidade privada, não tem interesse em que haja incêndios”. (SOL, 27/8/16). 2016?! Contratos de milhões, €!
Autor: Gonçalo S. de Mello Bandeira
DM

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20 outubro 2017