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Feliz Natal, Mãe!

  1. Dizem que, com o passar dos anos, o Natal é cada vez mais triste, embora ele celebre o que de mais belo existe.

De facto, nada se pode comparar à decisão de Deus vir connosco morar. Mas a celebração desse momento sem igual encontra o coração despedaçado à medida que vai partindo quem sempre esteve ao nosso lado.

  1. Mais do que as promoções, no Natal estremecem as emoções. E, entre as mais persistentes, tremeluz a dor pela falta dos ausentes.

É a nossa humanidade a soluçar. Aliás, se Jesus é Deus em forma humana, anómalo seria que encarássemos a morte de forma leviana.

  1. Na vida – e em cada Natal da vida –, atravessam-se emoções desencontradas.

No mais fundo de nós tanto se acendem chamas infindas de alegria como tumultuam turbilhões desabridos de tristeza.

  1. Foi a Mãe de Jesus que preparou o primeiro Natal. E foram sobretudo as nossas mães que nos prepararam para inesquecíveis natais. Foi dos seus lábios que aprendemos o significado, a grandeza, a formosura do Natal.

Foram as nossas mães que nos acompanharam aos pinheirais donde vinham os enfeites para tantos natais. Foram elas que, particularmente em ambientes rurais, nos enterneciam enquanto o presépio faziam.

  1. E que dizer das iguarias que, como ninguém, elas confeccionavam para dias e dias?

Das mães escorre um caudal de pureza que enche o Natal de ternura e beleza.

  1. O seu colo era a manjedoura onde, como Jesus, nos sentíamos afagados por uma paz ilimitada, duradoura.

Ainda que mais ninguém estivesse, bastava a nossa Mãe, que jamais se esquece.

  1. É verdade que o Natal é sempre de alegria. Deus faz-Se Menino. Nada semelhante nos extasia.

E nem a mágoa e a melancolia tolhem – ou obscurecem – essa alegria.

  1. Porque a nossa Mãe, mesmo quando para Deus partiu, está sempre presente. Não está à nossa beira, mas dentro de nós, naquela noite inteira.

Ela está connosco: nas recordações que não param, nas lágrimas que não cessam, nos silêncios que nos flagelam.

  1. O Natal é o mesmo. Nós é que nem sempre somos os mesmos no Natal. Mas nem um Natal de pranto perde luz ou encanto.

Nem as lágrimas que possam cair nos impedem de imaginar a nossa Mãe sorrir.

  1. Feliz Natal, minha santa Mãe. Daqui para a eternidade.

Com muito amor e incorrigível saudade!


Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira
DM

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20 dezembro 2022