São grandes as marcas deixadas pela Imagem Peregrina ao longo do mundo e dos tempos. Factos presenciados e relatados por uma pessoa fidedigna que, nessas peregrinações aqui assinaladas, percorreu com Ela várias partes do globo. Foi o Cónego Carlos Azevedo que nos deixou um valioso testemunho, escrevendo tudo o que viu e ouviu nesta grande obra “Fátima Altar do Mundo”.
A Austrália recebeu, como outros países, Nossa Senhora de Fátima com enorme alegria e entusiasmo. O facto de ser uma população em que o protestantismo era reinante, não se fez sentir em todo aquele ambiente afável. Um pastor anglicano foi pedir ao sacerdote da paróquia para lhe contar a história de Fátima para que ele pudesse satisfazer tantos pedidos dos seus seguidores que, constantemente, o questionavam sobre o assunto.
Numa determinada localidade da Austrália, um operário, ouvindo o Bispo informar que depois da meia-noite iria fechar a Igreja para que, naquele bairro de trabalhadores, no outro dia todos pudessem cumprir as suas obrigações nos seus postos de trabalho, pediu ao Senhor Arcebispo, exclamando: «… tenho dado o meu tempo ao Governo. Não é pois de mais que esta noite dê algumas horas a Nossa Senhora! Se V. Excelência Reverendíssima o consentir organizarei a vigília durante a noite e a Igreja ficará aberta.» Na madrugada do dia seguinte, o Senhor Bispo ficou perplexo com o que viu: os operários, ajoelhados com os braços em cruz, rezavam o terço diante da Bendita Imagem da Virgem de Fátima.
Numa outra localidade, um taxista que levou um cliente à Igreja onde estava a Imagem Peregrina, quis também assistir às cerimónias. No caminho de regresso, confessa ao passageiro, dizendo-lhe: «Depois do que vi tenho de mudar de vida. Vou imediatamente falar com o meu Prior…»
Uma jovem de 20 anos, em Wagga, com paralisia infantil, sentiu-se curada, sendo o seu primeiro ato, após a cura, rezar o Rosário diante da Sua Protetora. Posteriormente, foi apressada contar o sucedido ao seu Bispo, pegando, seguidamente, numa bicicleta, indo por toda a cidade anunciar o grande milagre nela operado que se espalhou rapidamente por toda a Austrália. Foi consultada por um especialista que confirmou a cura, dizendo: «Milagres da Senhora que passa.»
A Padroeira de Portugal visitou, também, Timor onde foi acolhida pelo seu povo com enorme regozijo e muita fé. Estavam presentes as autoridades em geral, incluindo militares que apresentavam armas e saudavam a Senhora de Fátima, troando salvas à Sua passagem.
À entrada de Díli, num arco repleto de enfeites, podia ler-se: «Timor é Vosso, Senhora, abençoai-o!» Logo a seguir, lia-se: «Vós bem nos conheceis! Somos da terra de Santa Maria!» Nunca a cidade tinha assistido a tão sentida manifestação de fé e de amor na receção de outros visitantes.
No dia seguinte, no grande Largo de Lecidere, 1200 adultos acorreram para receberem o Batismo numa enobrecida cerimónia, fazendo recuar aos tempos de “S. Francisco Xavier ou de S. João de Brito”. Mais tarde, a Imagem Peregrina passou por Ataúro onde a população era pagã, mas aconteceu o insólito, quase duas centenas de pessoas pediram o Batismo, numa atitude de conversão.
Acompanhada pelo Bispo de Dili, Dom Jaime Golart, e pelas autoridades fronteiriças, a Virgem de Fátima era recebida, por uma grande multidão de braços abertos e “brados de alegria”, no Timor Indonésio. Volta a Sydney (Austrália), passando por todas as igrejas, conventos e colégios, sendo saudada efusivamente nas ruas pelo povo.
Quase no términus da visita da Imagem de Fátima à Austrália, o dia 13 de outubro de 1950, por vontade do Eminentíssimo Cardeal, não passou despercebido, sendo, em simultâneo com as cerimónias da Cova da Iria, comemorada a última Aparição de 1917 com uma memorável concentração de fiéis que, com toda a alma, assistiram com uma entrega total à Mãe do Céu.
Após percorrer algumas ilhas de vários arquipélagos, a Imagem Peregrina regressa a Lisboa no dia 10 de janeiro de 1951, deixando, ao longo da Sua peregrinação por terras tão distantes, um rasto de fé e de louvor.
Principal fonte destas crónicas: “Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História; direção artística de Luís Reis Santos…
Autor: Salvador de Sousa