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Fátima, sempre foi, já é e será sempre mais (98) A Imagem Peregrina volta às terras asiáticas

Logo ao amanhecer, no dia 28 de outubro de 1950, a Imagem Peregrina sai de Lisboa, passando por Roma, em direção às terras longínquas da Ásia e da Oceânia, permanecendo na capital Papal até ao dia 2 de novembro onde, no dia anterior, foi definido o Dogma da Assunção. Nossa Senhora foi acolhida num convento de Religiosas, localizado junto ao Vaticano, tendo o Papa Pio XII avistado fenómenos do Sol semelhantes aos que foram presenciados no dia 13 de outubro de 1917.

A peregrinação chegou a Singapura, após algumas paragens no Cairo, Bombaim e Calcutá. A população acolheu a Virgem de uma forma efusiva, no meio da qual se encontravam maometanos, hindus, aclamando, diziam eles, «Aquela que é a única esperança do mundo.»

As procissões foram percorrendo, no meio de uma enorme multidão, a cidade de fortes raízes maometanas, presenciando-se cenas comoventes de difícil explicação: pessoas que se convertiam, algumas sem qualquer religião, como foi o exemplo de um marinheiro que passava e, atraído por aquela gente que rezava, cantava com grande entusiasmo junto à Igreja da Missão Portuguesa, parou, olhou, ajoelhou-se, orou com os olhos fitos na Bendita Imagem toda florida que parecia sorrir. Seguidamente, procurou um sacerdote, dizendo: Ao ver a fé desta gente foi-me impossível continuar sem abraçar esta minha nova vida…

Os malaios não se importaram pelo estado de sítio e da situação perigosa com que se encontrava aquela zona. A Comissão Organizadora foi corajosa e, realmente, a Polícia e outras autoridades não impediram todas estas manifestações de fé durante a noite. Em Penang (Malásia), o povo, numa cerimónia ao ar livre, quis homenagear Nossa Senhora de Fátima, doando-lhe uma coroa de ouro e um terço.

Seguidamente, a ”imagem Celeste” seguiu de avião para Sião que, apesar da sua população de maioria budista e onde existe um dos grandes templos Budistas, foi recebida com paixão e com exteriorizações prodigiosas. Bangkok parecia, naquela tarde do dia 2 de dezembro, um centro em que o catolicismo reinava. Eram centenas de carros a ostentar a bandeira do Papa e a bandeira de Sião como que numa atitude de unidade e de reverência ao representante de Cristo na terra. As próprias autoridades, o Corpo Diplomático, marcavam presença neste tão ilustre evento. Todos afirmavam, incluindo os próprios budistas, que nunca houve tão grande manifestação de regozijo com extensas multidões eufóricas a aclamar uma Imagem que passa, tocando o próprio coração do Monarca. Ações prodigiosas!

Há coincidências dignas de registo: «Em dezembro de 1940, no decurso de uma grande perseguição religiosa, foram martirizadas várias religiosas. Uma delas, antes de expirar, disse para os verdugos: Agora o Sião sofre uma grande perseguição, mas, dentro de dez anos, receberá uma grande graça.» Nossa Senhora, ao perfazer os dez anos, visita Sião, mostrando e dando credibilidade àquela profecia. Ainda, nesta região, Chineses residentes passaram a noite em oração aos pés da Imagem, pedindo pelos seus irmãos da China que não puderam receber, naquele momento, a Virgem Maria.

Na Birmânia, no aeroporto, centenas de carros esperavam a divina visitante. Foi colocada num carro enfeitado e transformado num esplêndido barco, fazendo guarda de honra os marinheiros. Em Rangun, o bispo impressionado com tal cenário de fé quis saber se já aconteceu toda aquela entrega tão esplendorosa noutros locais. No dia seguinte a população assistiu a 15 missas nos altares construídos ao lado da Catedral em honra dos 15 mistérios do Rosário.

Finalmente, Nossa Senhora de Fátima visita a leprosaria dirigida pelas Irmãs Missionárias de Maria em que os doentes, há vários dias, estavam a preparar aquela receção com tanta fé, amor e carinho. Foi, com certeza, um ato comovente o encontro com a Mãe de Deus, alegrando os seus corações, dando-lhes a força espiritual para resistirem ao isolamento e a tanto sofrimento que essa enfermidade traz.

Principal fonte destas crónicas: “Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História; direção artística de Luís Reis Santos, historiador de arte e diretor do Museu Machado de Castro, Coimbra; realização e propriedade de Augusto Dias Arnaut e Gabriel Ferreira Marques, composição e impressão - Companhia Editora do Minho, Barcelos, editada pela Ocidental Editora, Porto, em 1953 (Papel fabricado especialmente pela Companhia do Papel do Prado em Tomar)


Autor: Salvador de Sousa
DM

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8 julho 2022