Diz-se que ele nasceu com um problema físico, “tolheito em guisa que todos diziam que nunca guareceria (sararia)…” e que Egas Moniz, cuidando dele, sempre teve confiança em Deus na esperança da sua cura, tendo, logo que o menino completou cinco anos, uma visão de Santa Maria, durante a noite, que lhe disse: « – Dom Egas Monis, dormes? – Senhora, disse ele, e quem sois vós? E ela disse: – Eu sou a Virgem que mando que vás a tal lugar… cava em aquele lugar e acharás uma igreja que em outro tempo foi começada em meu nome, e uma imagem minha, e carregue a imagem minha que é feita em meu nome e à minha honra.
E, como (quando) isto for feito, farás aí vigília e porão o menino sobre o altar, e sabe que será são e guarido, e faze-o bem guardar….» Egas Moniz fez tudo isso, sendo o menino curado, construindo-se, nesse local, o mosteiro de Santa Maria de Cárquere (Resende, local em que Egas Moniz era muito influente), sendo essa bênção denominada pelo milagre de Cárquere. Isto revela bem o espírito, a fé e a devoção das gentes portuguesas a Nossa Senhora.
Havia a crença, sobretudo pelo século XV, de que D. Afonso Henriques fundou o reino cristão nesta terra, continuando a protegê-lo no Céu. Fr. António Brandão diz que os monges antigos de Alcobaça celebravam-lhe missas e ofícios, confiando que ele foi, desde a infância, miraculado sob as mãos benditas da «Bem-aventurada Virgem Mãe e Senhora nossa».
D. Afonso Henriques, em 27 de maio de 1128, antes pouco tempo da Batalha de S. Mamede (24 de junho de 1128), confirmou o couto à catedral bracarense, dando-lhe ainda mais regalias em homenagem a Santa Maria e ao arcebispo D. Paio Mendes, pedindo que o proteja em todos os seus intentos, prometendo lealdade quando for senhor da Terra Portucalense e “se alguém tentasse violar essa doação fosse castigado por Deus e incorresse na indignação da Rainha Santa Maria.”
A partir daí, tantos foram os combates que ele travou, garantindo a independência e o alargamento desta terra lusitana! Fez-se vassalo de Deus e da Igreja romana, querendo ter a Bem-aventurada Virgem Maria como advogada junto de Deus. Já em terras de Santarém, conquistadas em 15 de março de 1147, como meta para chegar a Lisboa, entregou-se a Santa Maria de Claraval (França) por influência de S. Bernardo,
Na tomada de Santarém, os Templários, pela primeira vez, ajudaram nesta vitória, edificando, logo de seguida, a igreja de Santa Maria de Alcáçova (Santarém – 1154), em homenagem a Santa Maria Virgem Mãe de Cristo.
Em 28 de junho de 1147, já estava D. Afonso I com o seu exército às portas das muralhas da cidade de Lisboa e a 25 de outubro já estava tomada. O arcebispo de Braga, D. João Peculiar e outros prelados empunhado a Cruz de Cristo, o rei com as chefias militares foram os primeiros a entrar como vitoriosos. Um cruzado inglês escreve: «… quantas lágrimas de júbilo e de piedade ao vermos erguer-se no mais alto do castelo… o estandarte da Cruz redentora para louvor e honra de Deus e da Santíssima Virgem!»
Em troca dos serviços prestados, D. Afonso Henriques doou aos Templários, trocando pelas rendas eclesiásticas de Santarém, o espaço onde erigiram o convento e o castelo de Tomar. Aos Cistercienses mandou construir o mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. A Abadia foi criada e a construção provisória do mosteiro em 20 de setembro de 1152, juntando-lhe, em 8 de abril do ano seguinte, uma grande área de terreno doada a S. Bernardo (Cruzado francês da confiança do nosso rei, abade cisterciense, santo e doutor da igreja) aos seus confrades e sucessores “ por amor e para glória de Deus e da Santíssima Virgem do Mosteiro de Claraval – França”. As obras do atual mosteiro de Alcobaça tiveram início, segundo li, em 1178.
A conquista definitiva do Algarve deu-se em 1249, no reinado de D. Afonso III, impregnado também com os ideais cristãos dos seus antecessores em que, juntamente com a bandeira portuguesa, se levantava a Cruz de Cristo, se erigia e consagrava um templo à Virgem Santíssima. Foi sempre nessa aliança do povo com Santa Maria que ainda hoje e sempre se manterão esses laços maternais que serão continuamente o nosso amparo.
Autor: Salvador de Sousa