António Sardinha (1887-1925), político, historiador e poeta, foi um doutrinador, ensaísta e polémico. Desiludido com o rumo da 1ª República luta pelos ideais cristãos e diferentes políticas, chegando a desejar uma monarquia tradicional, lutando com ardor e fé contra correntes literárias despidas dos valores espirituais, mais preocupadas com um “culto do esteticismo em que a sensibilidade e a inteligência apenas existem em superfície…”
António Sardinha apregoa uma nova doutrina, Integralismo Lusitano, apelando ao “regresso das almas e das inteligências transviadas.” Esta sua nova corrente conseguiu influenciar muitos jovens poetas e outros intelectuais em Portugal e no Brasil, procurando elevar todas as manifestações do espírito com novos temas nacionais e cristãos, fiéis às tradições políticas e religiosas, à família, à nobreza do lar, a Deus e à Pátria.
Podemos afirmar, segundo as minhas fontes de pesquisa, que, desde o seu primeiro livro “Quando as Nascentes Despertam,” teve sempre presente Deus e a Virgem, não esquecendo o amor à terra alentejana que o viu nascer, à família e ao Céu com a “Epopeia da Planície,” invocando, ainda a Senhora dos Prazeres preocupada com o futuro do trabalho do campo: «…Perdida numa herdade/ presides benfazeja às sementeiras,/ - botas o teu olhar p’ra o bem de todos/ E ó minha Mãe-Madrinha! Quem não há-de (há de)/ ter pão em casa, ter farinha a todos/ desde que tu o queiras// Ave-Maria/com o menino ao colo, toda pura!/ Que nunca falte aos homens a alegria/ Nem a fartura…»
Foi um grande defensor das “Aparições de Fátima” contra a maioria dos próprios católicos que duvidava do milagre de Fátima, não hesitando, mesmo sem assistir a tudo o que se passou na Cova da Iria, explicar no seu jornal “ A Monarquia” a realidade das aparições à luz da filosofia, da psicologia experimental, desviando-se propositadamente das provas vindas da fé para aceitar o milagre explicado pelo positivismo científico provindo de William James.
Foi um dos maiores proclamadores, da geração do seu tempo, do prodígio de Fátima que não necessitou de ver para crer, porque, segundo os autores da obra que estou a ler, “ a Virgem lhe concedeu a graça de fazer a sua própria aparição dentro da sua alma. E de certo, ao recebê-lo no Céu, o acolheria com as palavras do seu divino Filho: - bem-aventurados os que não viram e creram”!
Outros escritores do final do seculo XIX e princípios do século XX dedicaram muitas das suas obras a expressar a sua grande devoção e entrega à nossa Mãe do Céu: Conde de Monsaraz, título nobiliárquico ( António de Macedo Papança), 1852-1913,1.ºvisconde de Monsaraz- decreto de17 de Janeirode1884- rei D.Luís I; 1.ºconde de Monsaraz, título concedido pelo rei D.Carlos I- decreto de3 de Maiode1890:José Régio(José Maria dos Reis Pereira), 1901-1969, nasceu e faleceu em Vila do Conde, escritor, poeta, dramaturgo, romancista, novelista, contista, ensaísta, cronista…;
Vitorino Nemésio, 1901-1978, (Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva), prosador e poeta, historiador, ensaísta… dedicou um livro “Festa Redonda” a Nossa Senhora que ofereceu às gentes da sua terra natal (Ilha Terceira) e do qual transcrevo algumas passagens: « Ave Maria celeste/Cheia de graça e de amor,/Alta no manto estrelado,/Serena e branda nas águas,/Pequena e doce na terra,/Toda cravada de mágoas,/Grande na Paz e na Guerra…//Meus pecados te escurecem/Mas a minha voz te toca,/As estrelas esclarecem/O linho da tua roca.»
Outros literatos do período da Aparições de Fátima escreveram, defendendo o grande prodígio de Nossa Senhora escolher Fátima e três inocentes criancinhas para revelar a sua mensagem de paz e de amor pela humanidade,
Nossa Senhora, com certeza, ouviu sempre e continua a ouvir as preces do povo português ao longo da história, pois, como temos vindo a escrever, Santa Maria foi e é o caminho iluminador dos portugueses e da maioria dos povos do mundo, mesmo muitos que andavam e andam arredados do espírito cristão, sendo a “Rosa Mística” dos enfermos, a esperança no sucesso das batalhas ao longo da história, em suma: o Farol na vida dos povos.
Principal fonte destas crónicas:“Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História; direção artística de Luís Reis Santos, historiador de arte e diretor do Museu Machado de Castro, Coimbra; realização e propriedade de Augusto Dias Arnaut e Gabriel Ferreira Marques, editada pela Ocidental Editora, Porto, em 1953.
Autor: Salvador de Sousa