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Fátima, sempre foi, já é e será sempre mais (22) Nossa Senhora no coração dos literatos

Os poetas e prosadores românticos, na sua grande maioria com uma formação católica, como foi o caso de Alexandre Herculano, apesar dos seus vários desaires revelados na sua obra “Eurico, O Presbítero” em relação à Igreja Católica, mas conservou a sua fé em Deus e em Nossa Senhora.

Luís Augusto Rebelo da Silva, notável romancista, nasceu e faleceu em Lisboa (1822-1871), frequentou o curso de Matemática na Universidade de Coimbra, mas, por razões de saúde e, com certeza, por outros motivos, desistiu, dedicando-se aos estudos históricos, ao jornalismo, à docência, à política e à literatura.

Residiu na rua da escola Politécnica, números 61 a 63, 2º andar, freguesia de São Mamede (Lisboa), estando sepultado no cemitério dos Prazeres, jazigo, nº 675, segundo fontes que consultei. Na sua obra “Fastos da Igreja” enche de beleza a Virgem Maria, mulher contemplativa, serena, referindo: «…Todo o seu amor e todos os seus extremos subiam para Deus. Embevecida, e abrindo-se cândida de inocência e fragrante de pureza, a alma fugia-lhe do mundo, sua prisão, para saudar as alegrias e a serenidade do Céu, adorando as maravilhas e grandezas do Senhor…».

De repente, frisa ele, fica surpreendida pelo anúncio do Anjo Gabriel: «Deus te salve Maria cheia de graça; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres».Uma grande parte da sua obra versou sobre a vida de Cristo, inspirando-se em profecias do tempo do Império Romano que se manifestaram no século que precedeu o nascimento do Messias.

Camilo Castelo Branco (1825/26-1890), escritor, cronista, romancista, crítico, historiador, tradutor e dramaturgo. Teve uma infância perturbada, pois ficou órfão de mãe aos dois anos e de pai aos nove, passando a viver, em Vila Real, com uma tia. Envolveu-se em vários casos amorosos. Foi notável no seu tempo, “genial homem de letras”, sobressaindo a sua novela “Amor de Perdição”.

Soube jogar com o seu rico vocabulário de uma maneira simples, trabalhando a língua portuguesa, sabendo-a enriquecer, modelar, “adaptando todas as expressões da língua pátria aos mais multiformes, profundos, fortes e subtis movimentos da inteligência e da sensibilidade” O reiD. Luís concedeu-lhe o título de visconde de Correia Botelho.

Amante da escrita e, já numa fase adiantada da sua vida, impossibilitado de escrever por causa da sua doença nos olhos, cegando, suicidou-se com um tiro de revólver em S. Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão.

Camilo de Castelo Branco, em muitas das suas páginas, também soube exteriorizar da sua alma a devoção a Deus e a Maria: «… A fé duplica as forças do espírito. Com ela exalta-se o homem acima da sua natureza terrena… A Imaculada Conceição é um mistério, não é um episódio narrativo na existência da Santíssima Virgem…»

Na poesia, Camilo revela os seus mais altos sentimentos em relação a Nossa Senhora: «Em vosso coração imaculado/As lágrimas da dor tinham asilo/Oh Rainha dos Céus!/As lágrimas, com vosso patrocínio,/Erguiam-se da terra, qual perfume/ Ao trono do meu Deus…»

Muitos outros escritores, romancistas, historiadores… dedicaram parte dos seus trabalhos literários à Virgem Santa Maria: Alberto Pimentel(1849-1925), publicou, em 1899, a História do Culto de Nossa Senhora em Portugal; Fagundes Varela, brasileiro, (1841-1875) imbuído de um espírito religioso, devoto e sincero cantor da Virgem Santíssima, foi um dos famosos poetas, com obras de elevado valor (Noturnos, Cânticos do Calvário, Anchieta ou Evangelho na Selva, Cantos Religiosos, Diário de Lázaro…), escrevendo, por exemplo, uma obra sobre os poetas de Nossa Senhora; Auta de Sousa, poetisa brasileira, (1876-1901), escreveu vários poemas românticos que se repercutiram bastante através da sua obra “Horto”.

Muitos dos seus escritos continuaram a ter a inspiração marial em versos “dum sabor e casto lirismo”: «Um dia ao mundo de abrolhos/A Virgem pura desceu,/Com um manto de cor dos olhos/ E uns olhos de cor do Céu.// Desde esse dia na terra/As flores sabem falar…/A voz da flor é a ambrosia/Que tanta doçura encerra/Quando murmura ao Luar:/MARIA.

Principal fonte destas crónicas:“Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História; direção artística de Luís Reis Santos, historiador de arte e diretor do Museu Machado de Castro, Coimbra; realização e propriedade de Augusto Dias Arnaut e Gabriel Ferreira Marques, editada pela Ocidental Editora, Porto, em 1953.


Autor: Salvador de Sousa
DM

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18 agosto 2018