Mesmo que o combate à pobreza tenha constituído ao longo de décadas um objetivo de sucessivos governos, nunca a economia deu uma resposta capaz de criar riqueza suficiente para inverter essa tendência de empobrecimento. Será que a classe política dirigente falhou? Há quem diga que sim.
Nomeadamente, numa nota introdutória ao livro "Olhos nos Olhos", pode ler-se:"Não cuidou,por irresponsabilidade e incompetência, da economia, assistindo sem reagir ao abandono da agricultura e à desindustrialização.
As elites, por seu lado, não entendem agora o mundo novo a que chegámos, assente numa economia em declínio, incapaz de suportar o nível de gastos do Estado".
Curiosamente Medina Carreira, dizia que “o Estado gastava o que não tinha, avisando que iríamos ter problemas graves, porque andámos a viver bem à custa alheia e mantivemos um padrão de vida que não correspondia àquilo que nós produzimos".
Será que temos melhorado a nossa economia e vivemos num outro contexto de riqueza? Ou, pelo contrário, os sinais são demasiado ténues e o endividamento permanece no lado negativo duma linha oscilante e perigosa? Recentemente todos sentimos alguma estabilidade social, em resultado de medidas do governo, que devolveu salários e pensões retirados anteriormente, bem como aumentos salariais para quem tinha o salário mínimo.
A questão dos salários, sendo embora justa, merece porém alguma cautela e reflexão. Sabemos que Instituições e empregadores, celebram contratos de trabalho, que depois sofrem alterações salariais, negociadas por Sindicatos e por vezes governo. Ora existe um custo em certos casos demasiado elevado, quando refletem enquadramentos com enormes custos.
Quem deve suportar os encargos daí resultantes, se a economia e produtividade não comportam riqueza para o efeito? Muitas destas situações podem chegar aos Tribunais e mesmo pôr em risco a sustentabilidade ou mesmo a falência dessas empresas e instituições.
Na verdade, o trabalhador tem de saber ler os sinais económicos da empresa, tendo consciência das limitações existentes e dos perigos que podem resultar das suas exigências, perante a realidade existente.Entre a estabilidade e a instabilidade, medeia apenas uma linha cujos sinais decorrem da própria análise ao orçamento da empresa ou da instituição.
Quem gere com sensatez e prudência, sabe sempre quais os limites das suas decisões. Que salários podem afinal pagar as nossas empresas e instituições? Quem suporta os custos?
Autor: J. Carlos Queiroz