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Falta de honra e pudor

Como se sabe, temos gente deste “calibre” em quase todas as partes do mundo, quer em ditaduras, quer em democracias. A falta de honra e de pudor tem sido o pão distribuído aos povos, aos que votam ou não neles. Mas importa reflectir no que temos entre nós, como actuam em nosso nome, que honra e pudor testemunham a Portugal.

Diariamente os Média falam e escrevem sobre racismo, emigração, terrorismo, austeridade e, entre tantas mais, a corrupção. Esta, que existe em todos os sectores da vida social – económica, ideológica, profissional e até familiar, é, segundo o meu modus vivendi, o grande perigo, a grande ameaça, o tal cancro que não dá hipóteses a ninguém.

A corrupção – qualquer que seja – serve somente os interesses dalguns, semeia abismos perigosíssimos entre os cidadãos, mostra o desprezo ou a indiferença que tem pelos homens, semeia a opressão e explora tudo e todos à sua volta. A corrupção é, rigorosamente, a nula ausência de honra e de pudor.

Saramago e Baptista-Bastos conheciam o país. Recordemos o derrube da Monarquia em 1910, com o assassinato do Rei, preparada e montada – segundo a história – pela maçonaria de então. Houve perseguições, saques, enriquecimentos corruptos e os próprios monárquicos foram ostracizados política e socialmente.

Mas não é verdade que temos e tivemos monárquicos a servir ou a exercer cargos nas Repúblicas pós 1910? E não é verdade que se vão “entendendo” com toda a maçonaria distribuída e organizada em vários partidos políticos, bem como presentes que são na Assembleia da República? Não é Ferreira do Amaral um monárquico público e não foi ministro dos republicanos/maçons? 

É preciso “governar a vidinha”, escreveu Baptista-Bastos. O Rei morto e os monárquicos enxotados pela maçonaria, só já pertencem à história e esta não se estuda em profundidade nos tempos que correm. E para se concordar em pleno, de que é preciso governar a vidinha – independentemente de ideologias, de valores, de educação, de pudor ou de pejo, temos as eleições para grão-mestre do Grande Oriente Lusitano – para representar cerca de dois mil maçons – nem mais nem menos que um monárquico, Adelino Maltez, cientista e político, bisneto ou tataraneto daqueles que foram derrubados – renegando ou traindo o seu ideal monárquico –  e que deu origem à primeira república de Afonso Costa! 

O país sente na carne, cheira os aromas da nauseabunda política entranhada nos políticos e, o que os agita. O país sente que em cada mil cargos exercidos na Nação, apenas um elemento terá espírito de missão, espírito de serviço, dignidade, porque os restantes agitam-se para governar a vidinha e, a competência e a seriedade, são esmagadas por rolos de muitas toneladas.

Na verdade, os portugueses são diariamente confrontados com todo o género de corrupção. É de sempre que um partido politico que ganha as eleições legislativas, sacode dos lugares políticos ou das grandes empresas, os ocupantes do governo perdedor, para fazer as suas nomeações, atender e engordar os amigos, familiares e compadres. Estas nomeações/cunhas, já veem de muito atrás, concretamente do grande ilusionista-politico Mário Soares. Todos os géneros de empregos se ofereciam aos profissionais de angariação de empregos, só que, uma situação se exigia: os sortudos tinham de ter o cartão de militante do partido. Por isso, coxos ou cegos, musculados ou ossificados, estavam garantidos – continuam garantidos. 

Desse modo –  não faltando aos costumes – António Costa, colocando de lado transparência, honra e pudor, pretende fazer de um seu amigo, Lacerda Machado, administrador da TAP. Não se pode argumentar que tal nomeação se identifica com incompetência. Lacerda tem prática de negócios e de negociatas a nível de Estado e Privado. Mas democraticamente pensando, há, com certeza, muitos Lacerdas neste país a quem se devia – por provas apresentadas e concurso – dar oportunidade de serem administradores da TAP, legalmente, democraticamente. Mas nomear amigos, não! 

 (O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico).

 

Autor: Artur Soares
DM

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16 junho 2017