twitter

“FAÇA-SE LUZ”

No programa da RTP3 intitulado “O Último Apaga a Luz” destaca-se, no painel de 4 personalidades, uma conceituada escritora que faz de acérrima defensora do PS e deste Governo, o que é legítimo. Porém, no de 4 de fevereiro, último, surpreendeu-me ao dizer que só gostava de saber o que é isso de reformas estruturais de que tanto fala a oposição, como que não soubesse, de facto, do que se trata. Fazendo passar a ideia aos telespectadores de que tudo vai bem nos organismos públicos do estado, encarregues de servir o país e os cidadãos. Dúvida, essa, a que nenhum dos presentes deu troco. Trata-se de um momento ao serão, a meu ver, em maioria de esquerda – a que o moderador dá um jeito – e onde se revelam mais democráticos e ponderados um conceituado jornalista da nossa praça e um conhecido especialista em comunicação, de tendência, ao que julgo saber, monárquica. Já a outra figura feminina, trata-se de uma reputada historiadora, de tendência bloquista que, ali, explana as suas teses de índole marxista e do estado-patrão. Só ponho em dúvida se as duas sábias senhoras serão verdadeiramente democratas, como dizem ser. Isto, porque sempre que enchem a boca com a democracia, logo se mostram e avessas às opiniões dos dois cavalheiros intervenientes. Fartando-se de resmungar contra algumas das ideias que eles preconizam como, por exemplo, a de defenderem a presença no Parlamento de todos os deputados eleitos pelo povo, sem exceção. Sendo, talvez, por tontices como as delas que o The Economist tem vindo a arrasar a qualidade da democracia em Portugal, situando-a na cauda da Europa e com falhas. Obviamente que nada me move contra as duas letradas, só acho que deviam tolerar mais a opinião dos outros e moderar o seu radicalismo ideológico; abrirem-se ao mundo e às ideias da conjuntura mundial. Mormente, á economia de mercado, ao direito à iniciativa privada, à livre concorrência e escolha por parte dos cidadãos, de forma livre e socialmente responsável. Ou não serão os países que adotam este sistema mais ricos, democráticos e onde se regista maior índice de progresso e bem-estar das populações? Não tento dar lições a ninguém, nem tenho bagagem política que me permita fazê-lo. Mas que o atual Governo PS tem vindo a borrifar-se para as transformações de que o país carece, dando primazia ao seu poder de influência sobre alguns média – sobretudo os de share e tiragens mais elevadas, encarregues da propaganda a troco de um prato de lentilhas –, lá isso tem e de que maneira! Pois bem, no referido programa, como em outros, não há um só em que o Chega não entre. Acabando – para gáudio das duas camaradas –logo o colarem ao perigo do “fascismo”. Como se não tivesse sido eleito, como diziam os dois parceiros de debate, a terceira maior força política parlamentar. Achando elas que a democracia que paira nas suas cabecinhas, as permite banir um partido sempre que não lhes agrade. O que significa varrer do parlamento tudo que cheire a direita. Aliás, como aconteceu com o CDS/PP, quantas vezes tido como “alcova de salazaristas”. Ademais, não escondem as saudades que sentem da geringonça, nem temem a extrema-esquerda, antes a acarinham. Digo-o, porque nunca as ouvi praguejar contra os regimes musculados do comunismo – sempre que o tema surge – onde, com mão de ferro e bico calado, quem manda é o Comité Central. E em que a bloquista sonha com uma vitória da Rússia, de Putin, sobre a invadida e martirizada Ucrânia. Por isso, em minha opinião, faria todo o sentido que em vez do título que ostenta, aquele programa se passasse a chamar: “Faça-se Luz”. A fim de iluminar as mentes mais tacanhas, sobretudo as que que não só não aceitam, nem sabem interpretar os resultados eleitorais, como a vantagem de libertar o demasiado peso do Estado na economia portuguesa, bem como a necessidade se serem levadas a cabo as tais reformas profundas de que o país carece. Verdadeiros calcanhares de Aquiles ao nosso desenvolvimento.
Autor: Narciso Mendes
DM

DM

20 fevereiro 2023