Sim, manifestemos alegria em celebrar o Nascimento de Jesus, numa altura em que a humanidade vai acelerando o passo no sentido contrário à doutrina que Ele nos deixou e em direção oposta à vida em família, tal como a que conheceu quando veio ao mundo. E como sabe bem, olhar em redor e continuarmos a ver muitas famílias reunidas para a noite de consoada; como é bonito sabermos que há, apesar de tudo, muitos casais a terem os seus lares aquecidos pela presença dos familiares, como sejam os filhos(as), as noras, genros, netos(as) e avós, quando os há, a celebrarem o Natal.
Exultemos: é Natal! Mesmo quando há quem teime em adulterar o tema com toda uma simbologia antagónica à sua verdadeira origem; com sinais de mudança, impregnados de um complexo de ideias e sentimentos difíceis de definir. Isto, dentro de uma civilização que – há mais de 20 séculos – escolhera a vinda de Jesus ao mundo como marco de contagem da sua idade. Sendo a quadra natalícia a que mais tem vido a influenciar a história e a vida dos povos e tendo na arte – através da pintura, escultura e literatura – a mais clara e sublime expressão da fé com que a humanidade, de forma maravilhosa, sempre se tem exprimido para definir o que é o verdadeiro Natal.
Por isso, compete-nos a nós, enquanto cristãos, defendermos a real mensagem do Natal. E fazermos desta, a altura ideal para refletirmos sobre o quanto a humanidade, no meio de tanta confusão, dele necessita – uma vez que traz consigo uma proposta de esperança e salvação. E nessa reflexão incluirmos uma palavra de reconhecimento e gratidão não só aos Apóstolos e Evangelistas como, também, à imensidão de clérigos, missionários, leigos e fiéis. De entre os quais: Papas, Bispos, Sacerdotes e Religiosas que, depois deles, sempre deram o seu melhor no sentido de promoverem e defenderem o seu sentido bíblico. Pelo que merecem, neste dia, uma oração dos católicos ao Deus Menino pela sua perene coragem, dedicação e esforço.
Para, com toda a lucidez, voltarmos o nosso olhar para quem continua a trabalhar, com afinco e lealdade, na Vinha do Senhor. E não tomarmos as árvores invasoras, podres e nefastas – sobe cujos ramos se escondem milhares de hipotéticos crimes de abusos do foro sexual a serem, agora, investigados no seio da Igreja Católica – pela floresta imensa de muitos milhões delas sãs e frondosas. Para que tudo fique claro diante de Deus e da humanidade.
Já Santo Agostinho, em tempos idos, no seu livro XVIII, “Cidade de Deus”, escrevera: «Neste século perverso, nestes funestos dias (em que a Igreja pela humilhação a que está sujeita vai adquirindo altura majestosa onde virá a ser contemplada com tormentos e dores; com desgostos e trabalhos com perigos e tentações, ensinando seus passos, vive em constante e verdadeira esperança), bons e maus vivem lado a lado, como peixes apanhados pela mesma rede», fim de citação.
Exultemos: é Natal! Para que a mensagem de paz, amor e bondade se renove no mundo inteiro. É que se olharmos para aquele menino no presépio, indefeso, inocente e puro, reclinado numa manjedoura junto a Maria e José e pensarmos que é o Rei e Senhor do Universo, o quão criminoso e imperdoável seria – em nome da estupidez, ou malvadez instintiva – alguém maculá-Lo.
Neste Natal, em que pobres, oprimidos, refugiados, migrantes e todos os acossados pela desventura e por esta pandemia possam não só encontrar o destino que procuram, como verem melhorar as suas vidas e saúde; em que a Igreja de Cristo se não deixe mirrar – nem abater – pelos vendavais e sacudidelas que vai sofrendo. Porque sem ela, o mundo tornar-se-á caótico e propenso à barbárie das maiores maldades.
Exultemos – e valorizemos sempre – o Natal! Não só para celebrarmos o nascimento do filho de Deus, nosso salvador, como para vivermos o seu verdadeiro espírito com muita saúde, paz e amor. Assim o estimo a toda a equipa deste nosso DM e aos seus leitores, com os meus votos de um SANTO E FELIZ NATAL.
Autor: Narciso Mendes
Exultemos: é Natal!
DM
20 dezembro 2021