Só podemos travar o desenvolvimento dos extremismos e dos populismos com mais e melhor democracia; sobretudo, com uma democracia ativa, direta e participativa não fosse ela, por definição, o governo do povo e para o povo.
Pensando nós nos extremismos e nos populismos que, no século XX, varreram a Europa e onde pontificaram as figuras sinistras de Hitler, Mussolini e Estaline, momento é de festejarmos a paz que, há cerca de 74 anos, sobre ela se instalou; e fazer propósitos sérios de a mantermos, exorcizando os sistemas políticos que a possam pôr em perigo.
O extremismo baseia-se no dogmatismo, no fanatismo, na falta de diálogo e de tolerância, mormente na imposição de ideologias e doutrinas; e, para levar avante a sua intolerância ideológica e doutrinária, faz uso constante da força, da violência e do revolucionarismo.
Por seu lado, o populismo é filho da demagogia, da mentira, das falsas promessas, da corrupção e linguagem rude e provocatória; e para impor a sua forma de estar na política serve-se de chefes paternalistas, carismáticos, tribalistas e faciosos, mas que metem o povo no coração, fazendo uso da divisão entre as massas populares e as elites e no apelo aos valores nacionalistas, xenófobos e à diluição das identidades culturais e religiosas.
Pois bem, as eleições de Trump como presidente da América e de Bolsonaro como presidente do Brasil são fruto de um populismo desbragado a que as redes sociais deram plena cobertura e promoção; mas, quer um quer outro dos presidentes acabam por utilizar o seu populismo, não como meio de promoção da liberdade, mas na construção de muros contra o acolhimento de refugiados numa ação clara de xenofobia.
Ultimamente a Europa tem sido invadida por uma onda clara de populismos e extremismos; e este movimento que parece imparável e com tendência para se expandir tem já assento nos parlamentos de alguns países, chegando mesmo a influenciar a formação de governos, bem como a ação governativa.
Ora, o avanço destes movimentos faz pairar sobre o horizonte político europeu nuvens negras que podem protagonizar o retorno às ditaduras e totalitarismos de triste memória, onde imperavam os campos de concentração, de reeducação e de extermínio e os sinistros Gulags; e que, de seguida, permitirem e ativarem convulsões, ações revolucionárias e guerras, num retomo inconsequente da Europa às catástrofes do século XX.
Agora, só temos uma forma segura, clara e óbvia de parar estes movimentos e que é apostarmos numa democracia musculada, séria e participada; sem dúvida, numa democracia construída com o povo e para o povo, onde não haja lugar para tanta injustiça social, tanta intolerância, tanta corrupção, tanta desigualdade, tanta falta de transparência, tanto compadrio, tanto amiguismo, tanta demagogia, tanta evasão fiscal e fuga de capitais e tanta mentira, como atualmente se verifica em alguns países europeus e, muito concretamente, no nosso país.
Depois, como vamos escolher no domingo nossos representantes para o parlamento europeu, é tempo de marcarmos a nossa posição firme, consciente e patriótica, dizendo não aos populismos e extremismos que por aí vão levantando já a cabeça e impondo as suas ações dogmáticas, fanáticas, intolerantes e fraturantes, estribadas em ideologias e doutrinas totalitárias e revolucionárias; obviamente se desejarmos recuperar e restaurar a democracia que já tivemos e que nos tem sido subrepticiamente sonegada pelo mau e menos capaz funcionamento da vida partidária e dos seus representantes.
Esta é, sem dúvida, uma reflexão que deve ser feita pelos portugueses que vão às urnas nas eleições europeias, se mais não fora, para garantir um futuro de paz e de desenvolvimento para o nosso país e, consequentemente, para os nossos filhos e netos.
Então, até de hoje a oito.
Autor: Dinis Salgado