twitter

Exercer a autoridade

«Uma senhora veio ao meu consultório com a sua filha de sete anos, que tinha uma irritação na garganta. Como a rapariga não abria a boca, fiz um sinal com a cabeça à senhora para que, com a sua autoridade materna, me facilitasse a minha missão médica. – Querida, o doutor necessita ver a tua garganta. Não te importas de abrir a boca? Depois da consulta, prometo comprar-te um gelado. A rapariga parou um momento a pensar. Depois, começou a clamar em altos brados: – Não quero, não quero! O que deveria ter sido um simples exame de poucos segundos converteu-se numa negociação materno-filial de vários minutos». Ouvi esta narração há pouco tempo contada por um médico. Onde está o problema desta história? Na atitude mimada da rapariga? Claro que não! O único problema está na abdicação total da autoridade por parte da mãe. Em vez de dizer à filha claramente o que devia fazer, a mãe da criança transformou a ordem que devia ter dado numa proposta negociável. E, pior ainda, converteu a negociação numa espécie de suborno: se abres a boca agora, depois dou-te um gelado. Como se abrir a boca fosse uma acção de tão elevado mérito que “exigisse” uma generosa recompensa. Quantos problemas na educação dos filhos procedem disto: da abdicação da autoridade dos pais. Com os filhos pequenos, não perguntes: ordena! (não significa que o faças como no serviço militar). Não negoceies: indica claramente o que devem fazer! Porquê? Porque possuis uma autoridade natural para indicar o bom caminho aos teus filhos. Porque se não exerces essa autoridade quando deves, eles, evidentemente, ficarão mal-educados. Não têm a capacidade, com essa idade, de se educarem a si mesmos. Quando os filhos se tornam adolescentes, as explicações são mais apropriadas. No entanto, “explicar” não é sinónimo de “negociar”.
Autor: Pe. Rodrigo Lynce de Faria
DM

DM

17 junho 2018