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Exemplos de pessoas simples e de valores

É de todo o mérito que isso se faça e que muitas vezes se foque à evidência o contributo que deram às comunidades onde estão inseridas e as marcaram para a posteridade num contexto de desenvolvimento comunitário, criação de riqueza mais equitativa, dentro de um empreendedorismo progressivo e inovador, criador de emprego e caminhando em direção a uma evolução diferenciadora, com sentido solidário e amor ao próximo. 

É certo que muitas vezes esquecemos aqueles que também foram referência numa sociedade menos conhecida e não mediática, que nos deixaram legados imateriais e de valores, que são o alicerce de um mundo melhor e mais humanizado.

Vem esta introdução a respeito de dois cidadãos que nos deixaram recentemente – Serafim Ribeiro e Francisco Neto –, que conheci desde que comecei a praticar o voluntariado em Braga. Sempre os apreciei e estimei por motivos de ordem diversa, considerando a sua postura como homens simples, humildes, mas de profundos valores que vão rareando hodiernamente numa sociedade em desestruturação.

Serafim Ribeiro, dentro da sua humildade e simplicidade, era um cidadão que vivia a vida com alegria, na presença constante de Cristo, nas cerimónias em que participava, destacando-se as da Irmandade de Nossa Senhora-a-Branca, assim como noutras Instituições, salientando-se as diversas cerimónias litúrgicas da Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Braga.

Era um ser aberto à comunidade, humanista e sempre com um sorriso ou uma palavra solidária e amiga, com elevado grau de desprendimento para os jovens estudantes da Escola Carlos Amarante, quando o procuravam nas suas compras e que por vezes o dinheiro era insuficiente. Dentro da sua simplicidade cativou-me e continuará comigo no dia-a-dia, pois a sua vida era de amor ao próximo e no viver com Deus, nosso Criador.

Outro cidadão com quem tive o privilégio de conviver muito de perto, desde 1999, com amizade e afeto, foi Francisco Neto, a quem a cidade e não só, muito fica a dever, pois era um artista nato na arte sacra, que cultivou desde jovem e incutiu aos seus filhos.

Homem humilde e simples, pautando sempre a sua vida por valores morais, éticos, familiares e de dádiva à criatividade fidedigna, procurou exercer a sua profissão com seriedade, na execução e nos materiais aplicados, com generosidade e grande abertura para a concretização dos restauros, com qualidade e mantendo os traços históricos, e que deixou uma marca exemplar na recuperação das Igrejas da Misericórdia, do Hospital de S. Marcos e da Capela de S. Bentinho.

Partiu, mas ficou connosco e será lembrado para a posteridade como um artista que marcou uma época, mas escondia-se atrás da sua humildade, donde nem todos os valorizarem no seu todo humano e no sentido de interajuda despretensiosa, nas obras e apoio a muitas Instituições de norte a sul do país, acima dos interesses económicos.

Os cidadãos aqui referidos, mas com grande sentido cristão e amor ao próximo, eram na essência o espírito das obras de Misericórdia, abrangendo a Misericórdia, tão cara ao Papa Francisco.

Deixa-se aqui expresso um sentimento de reconhecimento pelo exemplo de vida e perenidade para a sociedade futura. Embora homens sem projeção social, merecem o reconhecimento de uma sociedade materializada, onde os valores e a família perdem acuidade e são desvalorizados.

 

Autor: Bernardo Reis
DM

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27 julho 2017