Há vários anos que nos interrogamos porque é que não há mais mulheres no desporto, quer sejam praticantes ou simplesmente espectadoras?
A essa pergunta não será fácil de responder visto que para além de questões de cariz cultural a vida familiar (mãe/esposas) tem um peso significativo na contabilização percentual em ser inferior ao masculino. O desporto, assim como a vida, não é só de uma cor. É muito mais do que isso. A sua diversidade consiste na alegria, na festa, na diversão, no convívio, no fazer dos jogos um tempo e um lugar de encontro.
E as mulheres gostam disso? É evidente que muitas gostam, outras talvez não tenham tanta propensão para isso. Infelizmente a participação da mulher no desporto é, ainda, desvalorizada, muito porque o modelo de organização desportiva, no passado, foi idealizado para os homens, visto que as mulheres não eram tidas em conta.
Então se contabilizarmos os dados no alto rendimento, a taxa de participação feminina é cerca de 35% por cento, valores que equivalem a cerca de duas vezes menos que a dos homens. É preciso inverter esta tendência, não chegam medidas simbólicas, por muita importância que tenham.
Temos de eliminar o preconceito e a desigualdade de oportunidades entre mulheres e homens. O desporto pode, e deve ser um exemplo de integração e de afirmação da mulher na sociedade.
Apenas um em cada 10 treinadores e um em cada 10 árbitros são mulheres. A quantidade e qualidade estão em crescimento e devemos, com os valores intrínsecos ao desporto, fazer a diferença pela positiva, promovendo a valorização da mulher na sociedade.
Enquanto atleta, é nos desportos individuais que a mulher tem um maior reconhecimento pelas suas performances, mas há muito que nas modalidades coletivas existe qualidade e que a competição substituiu o lazer.
Não se pode ignorar o trabalho de tantas jovens e mulheres, nem o sacrifício com que o fazem. Atletas como Telma Monteiro, Patrícia Mamona, Sara Moreira e Auriol Dongmo são os nomes de algumas atletas nacionais que se evidenciaram e ganharam destaque nas suas modalidades desportivas. Exemplos de superação, trabalho e talento levaram-nas a que hoje sejam referências incontornáveis do desporto português.
No andebol, futebol e futsal temos assistido a uma evolução fantástica, tendo no futsal conseguido, esta semana, o apuramento para o Europeu de 2022. Hoje já competem com qualquer outra seleção do mundo. A comunicação social também não trata, com igualdade as performances do desporto feminino comparado com o masculino.
No dirigismo, os casos de mulheres com funções dirigentes nas organizações desportivas ainda são escassos mas já começam a ser diminuídas essas diferenças.
Os cargos devem ser ocupados pelo mérito. E existem muitas mulheres que o têm. Apesar do aumento gradual da sua participação no desporto, as mulheres continuam sub-representadas nos órgãos de decisão das instituições desportivas a nível local, nacional e internacional.
O desporto é muito mais bonito e melhor com elas!..
Autor: Luís Covas
Evolução do desporto no setor feminino

DM
29 outubro 2021