2. A messe é realmente grande e os trabalhadores são cada vez menos. Olhando para a realidade desta nossa Igreja de Braga o panorama que se nos depara, como os números revelam, é o de um clero cada vez mais envelhecido e mais reduzido em número.
A Arquidiocese possui dois seminários: o de Nossa Senhora da Conceição, na Rua de São Domingos, e o Seminário Conciliar, no Campo de Santiago.
No Seminário de Nossa Senhora da Conceição (Seminário Menor), onde estão alunos dos 9.º ao 12.º anos de escolaridade, matricularam-se, no presente ano letivo, 12 alunos, que têm aulas no Colégio D. Diogo de Sousa. No Seminário Conciliar matricularam-se 52, dos quais 13 são da diocese de Viana do Castelo. Frequentam a Faculdade de Teologia.
Só entre 24 de março de 2016 e 13 de abril de 2017 faleceram onze sacerdotes.
Nos últimos dois anos não se ordenou nenhum novo sacerdote.
Neste ano de 2017, quatro sacerdotes celebram 25 anos de sacerdócio. 11 celebram 59 anos. Outros 11 celebram 60 anos de sacerdócio.
É mais que pertinente a recomendação do Papa Francisco: «O povo de Deus precisa de ser guiado por pastores que gastam a sua vida ao serviço do Evangelho. Por isso, peço às comunidades paroquiais, às associações e aos numerosos grupos de oração presentes na Igreja: sem ceder à tentação do desânimo, continuai a pedir ao Senhor que mande operários para a sua messe e nos dê sacerdotes enamorados do Evangelho, capazes de se aproximar dos irmãos, tornando-se assim sinal vivo do amor misericordioso de Deus».
3. Falando da vocação ao sacerdócio e à vida consagrada o Papa lembra também a dimensão missionária da vocação cristã. A evangelização é dever de todos os evangelizados, e não apenas de padres e de religiosos. Cada evangelizado deve ser um evangelizador, salientou Paulo VI na exortação apostólica «Evangelii Nuntiandi».
«Quem se deixou atrair pela voz de Deus e começou a seguir Jesus, diz o Papa Francisco, rapidamente descobre dentro de si mesmo o desejo irreprimível de levar a Boa Nova aos irmãos, através da evangelização e do serviço na caridade. Todos os cristãos são constituídos missionários do Evangelho. Com efeito, o discípulo não recebe o dom do amor de Deus para sua consolação privada; não é chamado a ocupar-se de si mesmo nem a cuidar dos interesses duma empresa; simplesmente é tocado e transformado pela alegria de se sentir amado por Deus e não pode guardar esta experiência apenas para si mesmo: a alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária».
E acrescenta: «Por isso, o compromisso missionário não é algo que vem acrescentar-se à vida cristã como se fosse um ornamento, mas, pelo contrário, situa-se no âmago da própria fé: a relação com o Senhor implica ser enviados ao mundo como profetas da sua palavra e testemunhas do seu amor».
4. Comecei por aludir à escassez de sacerdotes e de vocações ao sacerdócio. São diversos os motivos dessa escassez. Mas talvez se não pusesse com tanta acuidade se todos os evangelizados fossem, de facto evangelizadores. Se cada um de nós desse, de facto, um verdadeiro testemunho cristão. Se não nos tivéssemos deixado invadir pela mundanidade onde os critérios do Evangelho estão muitas vezes ausentes e o verdadeiro amor a Deus nem sempre se manifesta.
Autor: Silva Araújo