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Eu só queria perceber...

Não dá para entender tal é o enredo demasiadamente enredado que não há ponta por onde se lhe pegue. E andamos nisto há décadas e sempre com promessas e com ilusões que desta vez vai ser a sério e que as coisas se vão resolver. Mas a doença está bem entranhada nos pilares da democracia que a corroem inexoravelmente. E sem remédio para lhe dar um ar de frescura e de benignidade.

Não entendo que, os que nos levaram para a bancarrota, sejam acometidos de amnésia total e nem sinais dão de um dia recuperarem a memória perdida. Não entendo que, os que perderam eleitoralmente, estejam no poder e se arroguem agora de iluminados e de salvadores de um país que esteve de joelhos perante os mercados e perante as instituições europeias.

A democracia nacional sofre, fundamentalmente, de credibilidade e de seriedade. Os cidadãos já não acreditam nos políticos e muitos já se refugiam nos campos da extrema esquerda e da extrema direita, que vão aumentando a sua intervenção social e a sua influência política, não se sabendo ao certo onde isto poderá parar. O avanço dos extremos é péssimo para a solidez do regime, para o equilíbrio das instituições e para a tranquilidade dos cidadãos.

O centrão, o famoso centrão, está contaminado pelos interesses das oligarquias, pela corrupção e pelo nepotismo. Foram muitos os desmandos e as mossas que as oligarquias partidárias causaram ao país e às pessoas. Puseram o país de “gatas” e a vida dos cidadãos um verdadeiro e insanável pesadelo.

1 – Não percebo como ainda temos, com 10 milhões de habitantes, 230 deputados na Assembleia da República, enquanto a Holanda com 16,9 milhões de habitantes tem 150 deputados. De um lado, um país falido, com grandes assimetrias sociais, com uma economia anémica, pouco competitivo e pouco produtivo e com salários suficientes para se viver num mar de dificuldades. Do outro lado, a Holanda um país rico, industrializado e com um nível de vida invejável. Quem percebe esta discrepância?! Será que a quantidade é mais importante que a qualidade? Para quando a reforma do sistema político? A quem serve este estado de coisas?

2 – A Caixa Geral de Depósitos está numa situação financeira muito complicada devido aos desmandos cometidos pelos seus gestores que concederam créditos ruinosos a algumas empresas ou a pessoas singulares sem as devidas e necessárias cautelas e garantias. A CGD encontra-se agora numa fase de recapitalizacão, negociada com a União Europeia que impôs condições dacronianas para haver acordo.

Por exigência desse acordo, esta instituição financeira ainda pública (?) foi buscar aos investidores privados 500 milhões de euros, pagando juros de usura de 10,75% ao ano, quando os juros dos depósitos normais dos aforradores nacionais ronda a taxa de 0%. Um disparate ou um acto desesperado que irá ficar muito caro, mais uma vez, aos seus clientes e aos contribuintes que não tiveram, uns e outros qualquer responsabilidade e culpa neste tipo de gestão desastrosa. Como será possível a CGD algum dia erguer a cabeça com uma taxa de juros deste calibre e com um passivo (imparidades) de milhares de milhões de euros?

3 – Foi divulgado pelos órgãos de comunicado social da cidade que a “Coligação Juntos por Braga” já garantiu que três presidentes de Junta de freguesia em exercício e que tinham concorrido pelo PS nas eleições autárquicas de 2013, se passaram agora para o campo da candidatura de Ricardo Rio. Não percebo como é possível estas coisas acontecerem! Dá-me pena ver estas “aquisições” a moverem-se com tanta à vontade nos corredores desta política de interesses e da degradação do poder local!

Quem detém o poder parece manobrar a seu bel-prazer os cordelinhos das vontades e das convicções, simplesmente a troco de um prato de lentilhas ou de uma mão cheia de coisa nenhuma. A democracia precisa de ter um outra postura e uma outra dignidade. As pessoas merecem outro respeito e uma atitude mais firme por parte daqueles que se apresentam ou se apresentaram a eleições. 

Eu só queria perceber como, é que, estas coisas ainda acontecem numa democracia de 43 anos!


Autor: Armindo Oliveira
DM

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29 março 2017