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Eu, os Mundiais e… os exames finais.

Eu, mundiais e exames finais temos uma relação de amor/ódio desde inícios da década de oitenta, mais concretamente em 1982, quando do mundial de Espanha. Aí, como finalista do 12º, senti-me constrangido ao dividir o meu tempo entre a biblioteca municipal (estudando frações, mitocôndrias e soluções químicas) e um café próximo, divertindo-me com Zico, Sócrates e Falcão e aborrecendo-me com os empates de uma “squadra” que, grão a grão, consagraram um campeão. Depois, em 1986, no 4º ano da faculdade de desporto, o mundial resolveu-me dois problemas.

Foi objeto de estudo para a realização do trabalho final na opção de futebol, e concretizou-me um sonho de criança, ao “obrigar-me” a ver jogos atrás de jogos e quando alguém tentava interromper, afirmar convictamente: “Não chateiem, estou a trabalhar”.

Daí para cá, o mundial continua a apanhar-me em época de exame, agora no papel de professor vigilante. Este ano, com exames de manhã e jogos à tarde/noite estou em estágio permanente. Convocado de manhã para vigiar exames, autoconvoco-me depois para ver jogos e às vezes dou comigo a comparar…jogos e exames.

Uns e outros, têm período de aquecimento pois nos exames também entramos 45 minutos antes do início para distribuir alunos e provas pela sala. Exames como o de matemática, também têm intervalo (5 minutos) e os alunos trocam de campo (prova).

Mas, se na 1ª parte são autorizados a usar calculadora (espécie de chuteiras que resolve problemas) na 2ª parte esta é-lhes retirada e têm de jogar…descalços. O tempo de “jogo”, em ambos os casos, também pode ser elástico.

Os exames duram habitualmente 120 minutos mas podem ter prolongamento de trinta se os alunos estiverem “empatados” em questões mais complicadas. E há ainda alunos com condições específicas que, após este prolongamento, têm direito a novo tempo extra, assim a modos que…penaltis.

Às vezes dou comigo a imaginar futebolistas ou treinadores numa sala de exame. Atendendo a que nestas, a distribuição é feita por ordem alfabética, os nossos Silvas (André, Adrian e Bernardo) poderiam coincidir na mesma sala, mas evitava-se que Queiroz, sendo Carlos, pudesse trocar impressões com Quaresma, por este ser Ricardo.

E, comigo na sala, no papel de vigilante, Queiroz teria problemas e não acabava o exame. Nunca permitiria que saísse sozinho para ir ao WC (como quando do penalti que nos foi favorável) ou, se o fizesse, não voltava, pois nestes casos, é obrigatório serem acompanhados por um responsável do secretariado (uma espécie de VAR) dos exames.

E, referindo-me ainda ao mesmo personagem, não o deixaria copiar pelo Moutinho. Após aquela curta, mas pouco inocente, conversa ser-lhe-ia imediatamente dada ordem de expulsão da sala. Evitava assim que outros se sentissem incentivados a imitá-lo, nunca assumindo a sua responsabilidade no final das provas.

Faço votos para que em meados de Julho, conhecendo resultados finais do mundial e dos exames, todos os portugueses, sejam eles alunos ou adeptos, estejam felizes.


Autor: Carlos Mangas
DM

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29 junho 2018