Já estamos muito perto do fim de Maio. E é natural que façamos um pouco de exame para entendermos como progredimos nas nossas relações com Maria Santíssima. É o seu mês por excelência e é justo que lhe demos a importância que ela deve ter na nossa vida. Por isso, se verificássemos que Nossa Senhora não ocupara um lugar privilegiado na nossa atenção durante estes dias já passados, sentiríamos um baque forte de consciência.
É um facto: no dia de aniversário da nossa mãe, procuramos dar-lhe uma relevância especial, oferecendo-lhe uma boa prenda, dando-lhe – ou cantando! – os parabéns, manifestando-lhe com reconhecimento tudo o que ela devemos. Em Maio é isso o que procuramos fazer à Mãe do Céu, aumentando a nossa amizade com ela, sendo mais devotos, prestando maior atenção às práticas de piedade que lhe dizem respeito, enfim, ganhando mais intimidade com aquela que nos une à divindade duma forma muito intensa e familiar, porque além de ser nossa Mãe é também Mãe de Deus.
Sempre nos comove a generosidade de Jesus Cristo na Cruz. Além de nos oferecer a sua vida para obter a nossa redenção, desprende-se da sua condição de Filho único de Maria, pedindo-lhe que seja, a partir daquele momento, também nossa Mãe. Com isto, quer facilitar a nossa relação com Deus. A sua graça já é reconquistada para todo o homem com o sacrifício da Cruz e torna-nos filhos de seu Pai. Mas, para que haja mais proximidade familiar com o próprio Deus faz-nos filhos da sua Mãe. Temos uma Mãe comum. Deus é filho de Maria, demonstrando a consideração que tem pela dignidade da natureza humana. Ele, que é o seu criador, quis assumir a condição de Filho duma mulher, tendo em conta o valor da maternidade e também, é bom não esquecer, a santidade excelsa daquela que trouxe ao mundo Jesus Cristo, nosso Salvador.
Voltando ao início destas linhas, perguntemo-nos, com sinceridade: no fim deste mês de Maio, progredi no meu amor a Maria? Dei-lhe a importância que ela merece? Sinto-me mais filho seu? Confio de facto na sua intercessão? Não esqueçamos que ela é a medianeira de todas as graças, ou seja, tudo o que recebemos de Deus ou a Ele pedimos, segue um caminho concreto: Nossa Senhora.
E que ela é uma Mãe benevolente e verdadeiramente intérprete das nossas dificuldades, que pede por nós junto de Deus, apesar das fraquezas e debilidades da nossa conduta, recorda-nos aquela oração em que se lhe solicita que fale bem de nós na presença de Deus. Maria Santíssima, como todas as boas mães, goza de uma especial imaginação para elogiar os seus filhos, tendo plena consciência, porém, que tal discurso a nosso favor vai requerer da sua parte mais intercessão, porque o mérito real que temos é diminuto se comparado com as palavras favoráveis a nosso respeito que ela dirige a Deus, de quem é filha, como todo o ser humano, e Mãe, como só ela.
Com toda esta sua acção intercessora, Maria sente-se perfeitamente compensada, quando algum dos seus filhos se santifica. Há dias, em Roma, o papa Francisco, na sua alocução habitual do meio dia na Praça de S. Pedro, tendo em conta a realização, em Madrid, nessa mesma data, da beatificação de Guadalupe Ortiz de Landázuri, primeira mulher da Prelatura do Opus Dei a subir aos altares, dizia: “Vamos dar uma salva de palmas para a nova Beata”, por considerá-la um modelo para as mulheres cristãs empenhadas em actividades sociais e de pesquisa científica.. Como se sentiria contente Nossa Senhora. Mas não apenas por quem é considerado santo oficialmente pela autoridade eclesiástica, mas por toda a leva de almas que, constantemente, chegam à sua companhia no reino dos Céus, onde ela as espera com o seu amor maternal.
Autor: Pe. Rui Rosas da Silva