Acidade de Braga está atualmente dotada de dois grandes estádios vocacionados para receber competições profissionais de futebol. O mais antigo, também com Pista de Atletismo, o Estádio 1.º de Maio (até 1974, designado 28 de Maio), é um projeto desenhado por João Simões, com responsabilidade de Arquitetura e Engenharia de Travassos Valdez, possui uma capacidade aproximada para 30.000 assistentes.
O 1.º de Maio teve início da sua atividade em 1950, estando atualmente, e desde 2012, classificado como Monumento de Interesse Público. O Municipal de Braga, o mais recente na cidade, é uma peça de referência na arquitetura internacional, com capacidade para 30.286 lugares, tem a assinatura do Arquiteto Eduardo Souto Moura e foi inaugurado em 2003, estando vocacionado quase exclusivamente para a modalidade de futebol.
A irracionalidade que bloqueia quase toda as pessoas quando se aborda o tema “Futebol”, parece também ter afetado desde logo os promotores e donos destas obras, esquecendo alguns aspetos absolutamente básicos, de funcionalidade e de sustentabilidade, quando se decidiu dar início à aventura de construção destes referidos equipamentos.
Hoje, tal como há 60 ou 70 anos atrás, um estádio deve ser desde logo pensado em termos de custos de construção, funcionalidade, requisitos regulamentares, exploração desportiva, benefício social e cultural do seu espaço, e por fim, na satisfação que decorre da utilização por parte dos atletas, assistentes e todas as partes interessadas na gestão deste tipo de equipamentos.
Embora seja muito difícil do ponto de vista técnico, realizar alterações estruturais e funcionais em estádios, para além dos avultados custos associados a esta operações, a resistência à mudança provocada pelo valor afetivo que alguns grupos de cidadãos sentem, e se expressam, é muito negativa quando se equacionam transformações ou mesmo demolição destes equipamentos.
No entanto, e em abono da verdade, cada dia que passa, todos sentimos que alguma coisa deveria ser feita em relação aos estádios que temos na cidade.
As atuais tendências para a construção e uso de estádios, fruto das mudanças e “novos” interesses sociais, que não vão parar de evoluir, não se refletem na oferta atual em Braga.
Hoje em dia exigem-se respostas satisfatórias, sob pena de se perder definitivamente o interesse por acudir a estes equipamentos, nomeadamente para assistir a espetáculos desportivos, para além de se arriscar a integridade física dos seus utilizadores por via de processos acelerados de degradação.
Desta forma, sempre que possível, é absolutamente necessário, seguir algumas das seguintes tendências atuais: a) para a localização dos estádios em zonas urbanas, catalisar a regeneração destes edifícios e animação destas áreas; b) maximizar a oferta de serviços, eventos, atividades desportivas e comerciais, no sentido de gerar receita e rentabilidade económica;
c) desenvolver estratégias de sustentabilidade, tais como, o armazenamento de água da chuva, ventilação natural, eficiência energética, e uso de materiais reciclados na construção ou reabilitação; d) dotar e desenvolver nos Estádios uma infraestrutura e rede digital, que suporte e promova novas experiências aos assistentes, dentro e à volta dos estádios, com suportes de realidade virtual e aumentada, aquisição de ingressos e pagamento via telemóvel;
e) e, repensar a acessibilidade aos estádios por diferentes vias, nomeadamente através de transporte público, e outros meios amigos do ambiente. Há que definitivamente não protelar algumas das mudanças possíveis na oferta de estádios em Braga, pois a solução atual, não está estruturada e não promove atratividade nem a sustentabilidade económica, social e desportiva que se exigem nestes tempos modernos.
Autor: Fernando Parente
Estádios e tendências
DM
1 junho 2018