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Estabilidade

A maioria dos eleitores inquiridos nas duas sondagens já realizadas declararam que queriam estabilidade política para o país. Ora isto só se consegue com uma maioria que, afinal, é também o caminho apontado nessas sondagens. Mas, meus senhores, a maioria que desejam está nas mãos dos eleitores; não pertence essa responsabilidade a nenhum partido e muito menos é um projeto pessoal. Quem pode obter nas próximas eleições legislativas essa maioria? Apenas o PS ou o PSD. A escolha é tão simples como isso. Escolher um dos dois é que me não parece tarefa tão fácil. Porquê? Neste momento o PS é o melhor colocado para obter essa maioria, uma vez que está a nove ou dez pontos acima dos social-democratas. Pessoalmente, tanto me dá a estabilidade política com um ou com outro. São ideologicamente vizinhos, sentam-se na mesma banca e só diferem numa outra aproximação às políticas sociais. Ao longo destes anos que levamos de democracia, a sociedade portuguesa sempre se manifestou a favor duma sociedade social-democrata, quer no formato PS-esquerda , quer no modelo social democrata PSD-centro. A sociedade portuguesa, nos anos que leva de democracia, sempre foi contra os extremismos, e, por isso, nunca escolheu para governança nem a extrema-esquerda PCP/BE, nem escolherá a extrema-direita representada pelo partido Chega-extremista. A nossa sociedade não quer ver os seus filhos serem nem escravos do totalitarismo de esquerda, nem criados do capitalismo da direita. Quere-os livre na diversidade da sua individualidade. Quem se acinzenta perde-se na multidão. Um dia, um indivíduo abordou-me na rua para me perguntar para que é que eu queria a liberdade. Olhei para o homem, que me disse ser comunista, como quem olha para um preso que, por habituação, já não sente o peso das grilhetas. Respondi-lhe, diga-me, porque é que a liberdade o incomoda assim tanto? O homem virou-me as costas e foi-se a resmungar que é uma maneira de engolir sem mastigar. Mas voltando ao nosso tema da estabilidade. No dia 30 de Janeiro do próximo ano vamos votar ou estabilidade, ou instabilidade. Se um dos dois partidos mais próximos duma maioria absoluta lá chegar, então a estabilidade está feita. E feita por nós porque somos quem votamos. Não passemos as culpas para os políticos, façamos um ato de verdade intrínseca, para assumirmos a nossa parte. Somos contra a engenharia política, pós-eleições. Sempre o diremos: as coligações devem apresentar-se ao eleitorado como tal; assim ganham legitimidade democraticamente para ser governo; a coligação pós-eleitoral parece os “amigos da sueca que se juntam no baralho das circunstâncias”. Quem vota PS não vota, nem PCP, nem BE. Quem vota PSD não vota CDS, ou PPM. Se querem uma união de facto, apresentem-se ao eleitorado como tal. Assim ganhariam o respeito que se veste de seriedade. A primeira e única pergunta que devemos fazer, como eleitores, é esta: o que é melhor para os portugueses? A pergunta é pertinente porque somos nós quem paga os juros e o capital das más escolhas, quer aqueles que vão às urnas ainda com o espírito clubista, quer os que ficam em casa, permitindo que outros escolham por eles. Não se deixem substituir, não se deixem acinzentar na multidão dos irresponsáveis. Aos clubistas eu digo: pense por si. E a todos nós digo: votemos estabilidade.


Autor: Paulo Fafe
DM

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15 novembro 2021