Já se fala em viaturas com piloto automático e até há quem diga que existem automóveis que voam, ficando estes entre o drone e o transporte aéreo de passageiros. É esta velocidade de mudança que nos deixa coxos e trôpegos diante desta geração de botões intermediários. Estes também em evolução, estão cada vez mais capazes de substituir o homem em muitas das suas tarefas. Um dia um robot manda toda a gente para casa e leva ao humano uma mesada para gozar a vida de ócio permanente.
Eles trabalharão e os humanos gozarão um éden cá neste terceiro calhau a contar do sol. Fico-me a pensar que se o futuro vai ser este, misturado certamente com viagens e férias planetárias, o género humano, tal como somos hoje, assoberbados com emprego, salário, leis e regulamentos, horários e descansos legais, tudo isto vai ser memória; os vindouros, vão dizer de nós o que nós dizemos dos homens primitivos: coitados, como eram atrasados!
Mas há mais: a substituição de órgãos vai ser uma rotina como uma operação às cataratas; a substituição de veias e artérias seguirá o mesmo caminho; ninguém morrerá do coração ou de enfarte, ou dos intestinos, baço ou fígado; quando estes órgãos entrar em falência, os primeiros sintomas serão comunicados para uma central de controlo médico e, de imediato, os operadores robotizados, fazendo a correção, a regeneração, talvez mesmo sem ser preciso a substituição. Como sabemos o bisturi está a dar o lugar à laparoscopia.
Pouco sangue, pouca invasão, menos recuperação. Não estou a delirar ou a ter um dos meus acessos de saudades do futuro. Quando os automóveis já voam, que mais me pode admirar? Não sou um visionário, seja lá isso o que for. Basta que os leitores olhem para o que se está a passar e concluir que o uso da tecnologia na medicina, por exemplo da aplicação da nanotecnologia, e concluirão, e concordarão comigo como tudo o que digo está nesse mundo hoje. Então não inventaram tecidos que só por si são repelentes de insetos?
Os tecidos, os ossos, os órgãos humanos serão fabricados em laboratórios. Os telefones fixos não foram substituídos pelos telemóveis e estes numa evolução rápida e constante nada têm a ver com irmãos mais velhos? Não se conversa à distância através do skype? Não se tiram fotografias sem máquina fotográfica? Utopias? Não, estas são a verdade da evolução que vamos observando nos nossos dias. Algumas ainda são utopias, é verdade. Talvez por agora, mas não para o mundo de amanhã, esse mundo hoje. Tudo isto é maravilhoso como o sol que se anuncia resplandecente, depois de vésperas cinzentas. Com a luneta da utopia não há limites para a inteligência humana.
Fora do sistema planetário descobriram-se planetas semelhantes à Terra. Irão migrar para lá, os humanos de então, antes que o sol se torne uma estrela gigante e expluda? Utopias! Mas foi a utopia que nos trouxe do homem das cavernas ao homem tecnológico de hoje e será ainda ela que nos transportará ao homem interplanetário de amanhã. Isto prova que o mundo sem utopias seria um mundo parado no tempo, um mundo sensaborão. O futuro será sempre para o rato que sabe procurar o queijo.
Com as utopias de Júlio Verne fomos em Viagem à Lua, viajamos Vinte Mil Léguas de Submarino, fomos ao Centro da Terra, andamos de Balão e demos a Volta ao Mundo em Oitenta Dias. Todas as utopias de Júlio Verne são hoje realidades. A utopia é trabalho de velho semeador que sabe que não colherá os frutos das sementes que deita à terra.
Autor: Paulo Fafe