Aquela bancada é-me absolutamente indiferente. Não vou participar no passatempo, nem olhar mais nenhuma vez para aquilo. Não se olha para os amores dos outros. Alguns adeptos estão tais quais alguns pais que querem escolher os namorados/as dos filhos/as. Era preferível que amassem o clube da terra? Era, mas já deviam saber há muito que não se manda no coração, seja lá por que razão for, cada um escolhe quem amar.
Compreende-se que o maior clube de Braga queira, na figura dos seus adeptos, livrar-se do estigma de lampiões do norte, propalado durante anos e anos aos quatro ventos e que, cada vez menos, começa a fazer sentido na cidade que, gradualmente, apesar de mais devagar do que seria desejável, é certo, se vai unindo em torno do emblema arsenalista. Mais do que dispararmos na direção dos outros, convém chamarmos as gentes da nossa terra a nós. E não me parece que seguir os trilhos daquele clube aqui bem perto de nós, que escorraça tudo o que é de outro clube da sua cidade, numa atitude salazarista que grita “orgulhosamente sós na nossa terra”, seja o caminho certo a seguir.
Os meus amigos sentem-se constrangidos quando se lambuzam com uma açorda alentejana ou uma sopa de beldroegas, acompanhada de um belo vinho da Adega de Borba? Ficam envergonhados quando se deliciam com uma alheira de Mirandela e uma queijada de Murça? E ficam encalistrados sempre que o travo doce de um belo vinho do Porto escorrega pela vossa garganta?
Seremos menos de Braga por gostarmos da gastronomia de outras regiões de Portugal? Ser de Braga significa também promover a sua cidade, mas sem que isso implique que eu só possa comer cabrito assado e bacalhau à Narcisa, seguido de um pudim abade de Priscos.
Vamos serenar os ânimos e manter a elevação. Provemos que somos diferentes mesmo. Amemos o nosso clube, respeitemos os outros. E respeitemos as superfícies comerciais que fazem pela vida. Elas não são, nem devem ser locais de culto de clube nenhum. Conseguiram chegar até aqui sem me injuriar? Ótimo, a razão está a tomar conta de vocês. Não conseguiram deixar de me insultar e de insinuar que eu devo ter uma costela benfiquista?
Voltem a ler tudo de início e percebam que não devemos levar o nosso clube para guerras inúteis que desperdiçam energias e não nos levam a lado nenhum. E, by the way, as minhas costelas são mesmo todas braguistas.
E por falar em guerra, lembrei-me assim de repente, do Pedro, do Pedro comentador, do Pedro que tem amnésia e que se esquece dos e-mails que troca com ex-árbitros. Ficamos a saber de missas, padres e primeiro-ministro, de árbitros condicionados e afins. Indícios de batota, dizem alguns, corrupção mesmo, gritam outros, conversas que não provam nada, dizem os mais cegos. Mais uma vez perde o futebol português. Depois da fruta que era oferecida pelos outros, dispensávamos missas ditas por certos padres.
O novo regulamento disciplinar da Liga considera “revelador de indignidade agravada o ato de fumar na zona técnica, incluindo cigarros eletrónicos, e expelir fumo ou quaisquer outras substâncias, tais como saliva, na direção de dirigentes, jogadores ou quaisquer outros agentes desportivos”. A proposta de alteração foi do Benfica e percebe-se bem quem a inspirou. Tenho a certeza que Bruno Carvalho a saberá contornar. Só espero que ele não sofra de flatulência. Ou a Liga vai ter de criar uma nova alínea e não vai ser lindo de se ler.
Autor: Ana Pereira