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Espírito de Costa fecunda PSD

  1. “Saborosa” vitória de Rio (e de António Costa) no PSD). Contra muitas expectativas, o dr. Rui Rio venceu (54% vs. 46% ) o dr. Santana Lopes, nas eleições para a presidência do PSD, no dia 13 de Janeiro de 2018. Com Rio, parece também certo que o actual PM socialista, António Costa, também ganhou, na medida em que o único candidato que lhe prometia “guerra” (Santana Lopes) não foi o vencedor.
  2. Triunfo duma certa “estratégia da derrota”). Nas suas ideias, o discurso de dr. Lopes não admitia outra coisa senão a vitória, nas próximas eleições de 2019; o que é aliás próprio de um partido liderante (e de governo) como tem sido, desde 1980, o PSD. Para mais, nas últimas eleições legislativas (fins de 2015), foi o PSD que, aliado ao CDS, saiu vencedor, por 38 contra 32% do PS do recém-chegado António Costa; o qual acabava de “roubar” o lugar ao seu chefe, José Seguro, que aqui aproveito para saudar. O agora vencedor, Rui Rio, alcançou a presidência do PSD prometendo que não levantaria grande obstáculo se se der o caso de, em 2019, o PS vencer as legislativas, mas sem ter maioria absoluta. Que irá, pois, desperdiçar essa soberana oportunidade e se limitará a deixar “rolar o marfim”…
  3. Nem sequer aproveita a ocasião para “retribuir ao PS na mesma moeda”…). É que este tipo de oportunidades (e de argumentos e razões) não são para desperdiçar, na Política. É como no Futebol, quem não marca, perde. Em 2016, o PS não deixou a coligação PSD/CDS governar, apesar de ela ter maioria, embora relativa. Um candidato como Rio, que promete desaproveitar, com 2 anos de antecedência, a hipótese de retribuir na mesma moeda, não deveria ter estratégia merecedora de uma vitória interna. Mas ganhou. Triunfa, onde decerto poucos aceitariam a sua tese (cristã) do “dar a outra face”. Mas sim a tese (também cristã…) de, sem perder mais tempo, “expulsar os vendilhões do Templo”.
  4. Estão na moda os beijos e abraços…). Com a liderança de Rio, é o espectro de Costa que envolve, abraça e penetra um PSD que se demite de ser alternativa independente de poder. Parece que estamos na Califórnia da droga e dos anos 60; do “flower power” e do “make love, not war”. Contudo, há sempre alguns “Mansons” que se aproveitam da situação.
  5. O “bom” e o “mau” PSD, as suas luas novas e cheias). Talvez desde os seus inícios, nos anos 70, na direcção do PSD têm alternado duas orientações que reflectem interesses diferentes. Uma, é a de um conservadorismo reformista e socializante que elegeu Sá Carneiro; A. J. Jardim; Cavaco Silva na sua fase pre-liberal; talvez Marques Mendes; Passos Coelho; e agora Santana Lopes, se tivesse ganho. O outro PSD, é o de certas outras elites, para-maçónicas, esquerdistas moderadas ou visivelmente pro-capitalistas (e com um sentir que sempre decepcionou o grosso dos militantes de base e dos simpatizantes). Personificam-na Balsemão, Emídio Guerreiro, Durão Barroso e agora Rui Rio. Não esquecendo certos barões, na mesma linha (p. ex. Capucho, Morais Sarmento, Aguiar Branco, Pacheco Pereira, M. Ferreira Leite, Dias Loureiro, M. Rebelo de Sousa, Valente de Oliveira, J. Deus Pinheiro, Álvaro Barreto, Luís Arnaut, o casal Roseta, etc.).
  6. A campanha de Santana foi muito mais entusiástica). Além deste facto, as caras conhecidas, na sua maioria não apareciam nos comícios, menos concorridos, de Rio. Rio foi largamente derrotado no 1.º debate; e lá conseguiu equilibrar o 2.º e o 3.º.
  7. Os colégios eleitorais não reflectem o sentir dos simpatizantes). Tudo vai de quem tem direito a votar. No mínimo, devia exigir-se uma antiguidade de 5 anos e as quotas em dia. É o tal “contar das espingardas”, em que pontificam os conspiradores, os “Costas” (contra Seguro, o actual PM até deixou votar os “simpatizantes”…); agora, foram os amigos de Rui Rio.
  8. Então Sampaio tinha razão?). É claro que não tinha, pois em 2004 demitiu um governo com maioria absoluta, PSD/CDS, chefiado por Santana, ao fim de uns meros 4 meses. As tais “pseudo-trapalhadas” foram apenas insignificâncias de detalhe, amplificadas por uma constante campanha esquerdista nos “media”. Devido à imagem assim artificialmente criada, nada de admirar que o PS tivesse, meses depois, vencido. E vieram as verdadeiras trapalhadas, as de Sócrates.
  9. O PSD de Rio desautoriza o PSD de Passos…). Rio é tido quase como amigo de Ant.º Costa, mesmo quando este era líder da oposição ao PSD. Discordou de Passos quando este fez o que tinha de fazer, tirar Portugal da bancarrota. Daí que deva ser um líder a prazo, como vaticina o dr. Relvas…
  10. Montenegro, Marco António, Abreu Amorim, Hugo Soares). Isto sim, são políticos lúcidos e combativos. Espero que deles surja no futuro próximo, um verdadeiro líder para o PSD. E para um centro-direita que está meio-órfão, depois deste “desastre do dia 13”; e depois de Cristas ter rasteirado Nuno Melo no CDS.
  11. Se Rio vier a governar Portugal como governou a ETAR de Lordelo…). É certo que Rio entrou bem na Câmara do Porto, ao contrariar Pinto da Costa. Porém, tem dificuldades de comunicação e um ar de contabilista que não engana. E nem tudo foram rosas na sua carreira autárquica. Recorde-se aqui, p. ex., que permitiu a continuação (até hoje…) da altamente mal cheirosa e venenosa ETAR de Sobreiras, instalada por Fernando Gomes (PS) no meio de Lordelo do Ouro e dos seus milhares de habitantes. Quando seria fácil mudá-la para o vasto e pretensioso “Parque da Cidade”. Ainda hoje…

Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

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23 janeiro 2018