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Esperança – uma boa energia!

Omês de Novembro marcou-me, já desde criança! No longínquo “mês das almas” da minha infância, minha boa e saudosa mãe obrigava-me, manhã cedo, a ir à missa, para, assim, sufragar – dizia – as “almas do Purgatório”. Esse madrugar-de-criança tornava-se-me menos custoso, porque animava a minha esperança de, assim, algo fazer de bom para os outros...! Depois, já jovem feito, o mês de Novembro marcou-me positivamente porque, ainda estudante, fora eu escolhido e designado pelo professor de Oratória, para compor, decorar, e proferir, solenemente e em público, o panegírico festivo de Santa Cecília (dia 22) – patrona dos Musicólogos. Saí-me muito bem! Foi um êxito fecundo, que nunca mais esqueci e cujo texto até publiquei num dos livros de minha autoria (Meu pôr do Sol), na Esperança de espalhar o Bem, entre os Leitores...! Mais tarde, numa das muitas, variadas, imprevistas, curvas-da-vida, quis o “Fado” que o meu “ego” se unisse a outro “ego”, este, aniversariante etário também no “mês dos Finados”...! Movia-me, então, a Esperança de tornar mais azul o céu da minha vida...! E hoje!? O mês de Novembro ainda me dirá algo especial de bom...!? Penso que sim. Sacudido por energias novas, no Pensar, no Sentir, no acolher de impulsos do Meio-ambiente, mesmo sem marcar presença-física no cemitério ou “morada dos Idos”, o Novembro evoca em mim algo de novo...! Propicia-me ele impulsos do querer conhecer algo mais sobre o ignoto “Além”. O que é a Vida!? Em que consiste a Morte!? Quem presidirá à génese dessas duas realidades!? Porquê “Vidas” e “Mortes”, tão diferentes umas das outras, no tempo e modo em que decorrem!? Haverá fundamento e razoabilidade para tanta Esperança que se respira em Novembro, num misto de saudade, tristeza, dúvida e emoção, mais expressivos sobretudo em “Dia de todos os santos” e “dia de Fiéis Defuntos”...!? É neste quadro do teatro-humano que surge a “Fé”, mistério impenetrável para a Razão, esta, também uma lâmpada acesa pelo Criador – Entidade que eu aceito (embora com muitas interrogações sem resposta) e procuro entrever, com a Esperança fagueira de, um dia, poder vê-la mais clara e beatificante...! Quero terminar evocando um episódio engraçado e significativo narrado por “Raul Brandão”, no seu livro de memórias “Vale de Josafat”. Os dois grandes vultos das Letras “Raul Brandão” e “António Nobre”, foram contemporâneos, amigos e conterrâneos na Foz do Douro, onde escreveram grande parte das suas obras e comungaram de alguns sentimentos... Pois é Raul Brandão que conta: – um dia, António Nobre pediu-lhe uma Bíblia dada. R. B. – «Para que quer você a Bíblia!?» A. N. – «Para eu deitar a cabeça, quando for no caixão». Infeliz e doente como fora (morreu novo, tuberculoso), talvez aquele infeliz alimentasse a Esperança de que a Bíblia (repositório da mensagem de Deus) constituísse para ele o travesseiro mais macio do sono derradeiro...! A Esperança é, realmente, uma benéfica e inigualável energia, que importa preservar e fazer render...!
Autor: Nunabre
DM

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22 novembro 2017