Os Jogos Olímpicos e os Mundiais de futebol servem, muitas vezes, para minimizar conflitos bélicos, aproximando países. A propósito, o mundial de 2024, decidido esta semana, é organizado conjuntamente por E.U.A., México e Canadá que, na atualidade, parecem ter relações mais tensas do que… E.U.A. e Coreia do Norte.
Infelizmente, há políticos a aproveitarem a visibilidade destes eventos para melhorar a sua imagem pública. No grupo onde se encontra a equipa anfitriã e o Egito, o líder da Tchetchénia, república russa de maioria muçulmana, tudo fez para ter o Egito na sua república durante o mundial.
Motivo – Salah – o maior herói muçulmano na atualidade, tendo surgido, inclusive, a acompanhá-lo de perto num dos 1.os treinos da seleção egípcia. Em oposição às críticas à federação egípcia por ter aceite o convite desta república onde muitos direitos humanos são violados (os homossexuais que o digam), surgem os que acreditam que a presença de Salah pode inspirar muitas crianças para a prática desportiva, afastando-os do terrorismo.
Acredito também que uma maioria de tchetchenos (que não nutrem grande simpatia pela “mãe” Rússia) gostariam de ver o herói muçulmano e restantes faraós vencer o jogo que oporá as duas seleções em São Petersburgo. A acontecer, haverá festa rija (embora silenciosa) em muitas casas tchetchenas.
No grupo B, o nosso, também há factos históricos a opor as nações intervenientes. Desde logo, Portugal e Espanha, que desde sempre travaram inúmeras batalhas, as quais estudadas nos tempos da escola primária me levavam a acreditar que um dia iria defender Portugal na fronteira da Portela do Homem contra os invasores.
Já no século XV, a guerra deu lugar à diplomacia e em Tordesilhas decidiu-se a partilha das descobertas do novo mundo. Penso que agora também não nos importaremos de partilhar os lugares de apuramento no nosso grupo.
Entre Espanha e Marrocos também houve conflitos, sendo um dos mais falados, o acontecido no século XIX por causa de Ceuta, cidade que apesar de se encontrar já dentro de território marroquino, é espanhola.
Deixando os conflitos bélicos de parte e salpicando com algum humor este jogo, prevejo que no nosso distrito este confronto seja seguido com enorme interesse.
Na nossa liga, o último “Espanha-Marrocos” em terras galaico-minhotas foi concluído com uma manita a favor dos visitantes que até originou despedimento do treinador da casa. Agora, quem sabe para evitar resultado semelhante, os espanhóis despediram o mister antes do jogo.
E, desta vez, até eu consigo atribuir favoritismo a nuestros hermanos, esperando que esse resultado ajude a apurar Portugal pois, fazendo jus ao nome, acredito que os iranianos (desculpa Queiroz) IRÃO também mais cedo para casa.
Tradução para parte este último parágrafo – Futebolisticamente falando, para os vimaranenses, os de Braga são marroquinos, enquanto para os bracarenses, os de Guimarães são…espanhóis.
Autor: Carlos Mangas
Espanha-Marrocos, um duelo… minhoto
DM
15 junho 2018