1. Mantenho a convicção de que ensino e educação devem caminhar de mãos dadas. Discordo da afirmação segundo a qual a educação é só responsabilidade da família e o ensino, da escola.
Continuo persuadido de que entre família e escola deve existir frequente diálogo, na prossecução de um objetivo comum: a formação integral do ser humano.
A preocupação dos encarregados de educação não deve limitar-se ao aproveitamento escolar. Considero um erro grave aceitar todas as tropelias desde que o menino apresente boas notas.
Não entendo um docente que se limite a ensinar, pondo de lado a tarefa educativa que, em minha opinião, também lhe compete.
Respeitando todas as opiniões em contrário, professor que se preze não deve tolerar faltas de educação. Deve alertar para a linguagem imprópria que alunos usam, para a forma como se tratam, para o modo como se apresentam, e outras coisas mais.
2. Esta convicção radicou-se ainda mais ao ler o livro de Rosa Maria Conde Proença, «Filosofia para pequenos grandes filósfos», apresentado em 11 de novembro na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.
É um volume profusamente ilustrado, que tem como público alvo os leitores mais pequeninos. Respondendo a um conjunto de porquês e paraquês, contribui, por exemplo, para criar um hábito elementar de higiene, como é a lavagem das mãos antes das refeições. Ajuda a distinguir a realidade da aparência, mostrando como, às vezes, os nossos olhos nos enganam. Alerta para exigências da vida em comunidade, como o respeito pela diferença e por um conjunto de regras que todos devem aceitar e observar.
A educação visa levar o indivíduo à prática de certos hábitos e comportamentos. Para que o faça de uma forma cada vez mais consciente, não há como ajudá-lo a descobrir a razão de ser de tais comportamentos e hábitos. É o que faz o citado livro. Ajuda a refletir. Contribui para a autodeterminação.
3. Estou persuadido de que um dos grandes erros que se cometeram e cometem consiste em separar radicalmente a educação do ensino; a família da escola.
A meu ver, sobre pais e docentes recai a tarefa de educar e ensinar. É evidente que a educação é mais tarefa da família e o ensino, da escola. Mas penso não ser de excluir o contributo que os docentes podem e devem dar no que à educação diz respeito.
A preocupação de formar técnicos pondo de lado a formação de pessoas deu origem a uma sociedade sem alma. Tecnologia sem humanismo, não.
4. Este é um assunto que merece séria reflexão e, em certos casos, uma mudança de comportamento em alguns – em alguns, sublinho – docentes. O exemplo continua a ser um grande mestre, e há docentes – alguns, sublinho – cujo comportamento, no que à educação se refere, deixa algo a desejar.
O mesmo se pode dizer de alguns pais. Há-os que se esquecem de que são os primeiros e principais educadores. Que não dedicam aos filhos a atenção que merecem. Que não têm tempo nem disposição para os ouvirem e para com eles brincarem. Que adotam uma conduta pouco ou nada imitável.
Há-os também, verdade seja dita, que não admitem sejam apontadas faltas aos seus meninos e contribuem para dificultar a tarefa dos professores que se não esquecem da missão de educadores.
5. Aponto mais uma das minhas convicções: todo o cidadão deve ser um educador. Com o exemplo e com a palavra.
Todo o adulto deveria saber, com amizade, alertar os mais novos para certos comportamentos que diariamente se verificam na via pública. Gerou-se, porém, um ambiente tal que, quem o fizer, sujeita-se a ouvir das que não quer.
A suportar as consequências de tanta falta de educação. Infelizmente. Por isso se opta pelo silêncio, quando se devia intervir construtivamente. Pelo menos, que se dê o bom exemplo.
Autor: Silva Araújo
Ensino e educação

DM
23 novembro 2017